
O distrito de Nova Fátima, em Hidrolândia, Goiás, celebrou a tradicional Folia de Reis entre os dias 9 e 11 de janeiro de 2025. O evento, que mistura devoção, cultura e forte senso comunitário, remonta a mais de 80 anos, sendo passado de geração em geração.
Segundo Silvio Quirino, secretário de Turismo, a Folia de Reis em Nova Fátima vai além de uma celebração religiosa, sendo um dos pilares para a preservação da identidade local.
“É uma festa que reúne os produtores rurais locais, e ela resgata essa tradição, dessa cultura que eles têm, em se reunir em nome da fé. Antigamente, eles se reuniam uma vez por ano, e geralmente era justamente nesse momento que podiam fazer as suas orações, fazer os seus pedidos de fé, para que tivessem suas bênçãos em seus pedidos mais variados. E eles se juntavam para poder fazer as orações e pedir por aquilo que tinham essa necessidade”, afirma.
Para o prefeito José Délio Júnior, o evento é essencial para manter viva a história da comunidade e, com a ajuda da prefeitura, está se expandindo cada vez mais.
“A Folia de Reis de Nova Fátima é de suma importância para o município. Ela resgata as tradições, os valores, a fé das pessoas. São mais de mil pessoas hoje participando dos pousos e dos almoços. A prefeitura tem patrocinado, ajudado na questão das tendas, do som, mesas, cadeiras, transporte dos foliões e uniformes. A gente tem tentado manter viva essa tradição, fazendo uma ajuda preponderante para que essa folia dê certo e se torne realidade”, afirma o prefeito.
Leandro Franklin de Oliveira, coordenador da folia, agradeceu o apoio da prefeitura, mas explicou que a festa é organizada entre os próprios moradores, que oferecem suas residências como pouso para os foliões, onde eles se reúnem para cantar, orar e compartilhar refeições.
“As pessoas se prontificam de maneira voluntária e dizem: ‘Eu quero dar o café da manhã da saída, eu quero dar o almoço, eu quero dar o pouso.’ Quando não acontece essa manifestação voluntária, a gente vai até as casas e pede apoio. Isso une a comunidade de maneira cristã”, afirma Leandro.
Reginaldo Almeida participa da Folia de Reis há mais de 30 anos. Ele começou a frequentar a comemoração ainda criança e agora leva seu filho para participar da tradição.
“A fé é a motivação principal. Eu aprendi com meu pai e minha mãe, que sempre participaram. Agora a gente segue e passa para os filhos, para não deixar a tradição acabar”, afirma.
O vice-prefeito Weilington Leandro, que tem suas raízes no distrito de Nova Fátima, reforçou a importância de perpetuar a tradição para as novas gerações.
“Essa é uma festa tradicional aqui no distrito. A importância é resgatar a tradição e mostrar a cultura para nossas crianças. Entre os foliões, a maioria são jovens e crianças. É uma cultura que vai passando de pai para filho”, destaca.
Conheça mais sobre a Folia de Reis

A Folia de Reis é uma celebração tradicional que ocorre entre o final de dezembro e o início de janeiro, relembrando a jornada dos Três Reis Magos até o local do nascimento de Jesus Cristo. Durante esse período, grupos chamados Companhias de Reis ou Ternos de Reis percorrem comunidades, visitando casas para anunciar o nascimento de Jesus e celebrar a visita dos Magos.
Cada grupo tem uma estrutura bem definida. O líder, chamado de mestre ou embaixador, conduz os cânticos e as orações, com o auxílio do contramestre. Representando os Reis Magos — Gaspar, Melchior (ou Belchior) e Baltazar —, os integrantes simbolizam os sábios que levaram presentes ao Menino Jesus. Há também os palhaços, que, com trajes coloridos e máscaras, trazem alegria e afastam os maus espíritos.
Um destaque da celebração é o alferes, responsável por carregar a bandeira ou estandarte do grupo. Rica em detalhes, a bandeira é confeccionada com tecidos coloridos e adornada com imagens sagradas, como a Sagrada Família ou os próprios Reis Magos. Durante as visitas, ela é levada a todos os cômodos das casas, simbolizando bênçãos e proteção divina.
As músicas, conhecidas como loas, são um dos elementos mais marcantes da Folia. Com letras que narram passagens bíblicas sobre o nascimento de Jesus e a visita dos Reis Magos, elas também pedem bênçãos para as famílias visitadas. Os foliões utilizam instrumentos tradicionais, como viola, sanfona, pandeiro, reco-reco e tambor, criando uma atmosfera de reverência e alegria.
As visitas, chamadas de giras ou jornadas, seguem um ritual: ao chegar a uma casa, o grupo pede permissão para entrar. Com a autorização, iniciam as apresentações, que incluem músicas, danças e orações. Em retribuição, os moradores oferecem alimentos e bebidas, fortalecendo os laços de hospitalidade e união comunitária.
Outro momento especial são os pousos, paradas programadas para descanso e refeição. Organizadas por famílias ou comunidades, essas pausas são marcadas por celebrações que reforçam a solidariedade e o espírito de coletividade.
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