3 de dezembro de 2025
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Dos 115 mortos listados pela Polícia Civil, 38 tinham de 27 a 31 anos e 27 de 23 a 39; operação completa 1 mês nesta 6ª feira

A operação Contenção, deflagrada no dia 28 de outubro deste ano, deixou 117 civis mortos. Segundo relatório divulgado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, a média de idade dos mortos foi de 28 anos. Essa é a considerada a ação policial mais letal da história do Brasil. 

Dos 115 listados pela polícia, 38 tinham de 27 a 31 anos e 27 de 32 a 39 anos. Duas pessoas não tiveram a idade divulgada e 2 dos mortos identificados pelas autoridades não foram incluídos no relatório. Eis a lista (PDF – 8 MB). 

Dos 117, só 2 eram menores de idade: Michel Mendes Peçanha, de 14 anos, e Jean Alex Santos Campos, de 17 anos. Em contraposição, só 1 tinha mais de 50 anos, Jorge Benedito Correa Barbosa, de 54 anos. 

Leia aqui a lista com todos os nomes e idades. 

A OPERAÇÃO

A operação Contenção, realizada em uma ação conjunta das polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, teve como alvo integrantes do Comando Vermelho (CV). Em 3 de novembro –6 dias depois da ofensiva– o governo fluminense encaminhou ao STF (Supremo Tribunal Federal) um relatório para sustentar a legalidade da megaoperação. Eis a íntegra (PDF – 3 MB).

No documento, a Sepol (Secretaria Estadual de Polícia Civil) afirmou que a ação seguiu de maneira integral os parâmetros constitucionais e jurisprudenciais, contou com a supervisão do Ministério Público, por meio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), e observou os direitos humanos.

Segundo o delegado José Pedro Costa da Silva, quem assinou o documento, “a atuação do Estado, diante de organizações criminosas com perfil narcoterrorista, configura o exercício legítimo do poder-dever de proteger a sociedade, concretizando o princípio da legalidade e reafirmando o compromisso da Sepol com a transparência e a defesa dos direitos humanos, em conformidade com o Estado Democrático de Direito e a proteção da vida”.

A ofensiva policial tinha por objetivo cumprir 51 mandados de prisão, 145 de busca e apreensão e outras ordens expedidas pela Justiça do Rio de Janeiro e do Pará.

Na prática, porém, só 17 das prisões foram por mandado. Outras 82 se deram em flagrante. Entre os mortos, nenhum constava na lista da decisão judicial que autorizou a entrada nas comunidades.

Ao fim da operação, foram apreendidas 122 armas, 5.600 munições, 12 artefatos explosivos, 15 veículos, 22 kg de cocaína e 2 toneladas de maconha.



Autor Poder360 ·


Quem, em uma experiência virtual imersiva, for parar no Rio de Janeiro no dia 9 de novembro de 1889, tem grande chance de ficar sabendo do baile da Ilha Fiscal, promovido pela Monarquia brasileira. Faltam seis dias para que a República seja proclamada. Neste sábado, 15, são comemorados 136 anos dessa proclamação.

O baile ocorre em homenagem aos oficiais e marinheiros de um navio de guerra chileno. O Palácio da Ilha Fiscal, inaugurado meses antes, segue lá, hoje aberto à visitação. O cenário é de “uma ilha em festa emergindo do mar, transbordante de luz e de gala”, segundo o jornalista Medeiros e Albuquerque, presente no Rio de Janeiro naquele dia. Diferentemente do que se pode pensar, no entanto, a festa não representa um esbanjamento rotineiro da Monarquia brasileira, que ao menos nisso era notória pelo contrário: a escassez de celebrações.

O que o baile representa é certo alheamento em relação aos acontecimentos em volta. A Proclamação da República está em andamento há alguns dias. “O ambiente era de tensão. A conjuração estava por todo lado. Conspirava-se nas casas particulares, nas escolas, nas redações dos jornais, nos salões e nas confeitarias da Rua do Ouvidor, nas praças públicas e nos teatros líricos”, contextualiza Laurentino Gomes em 1889, um ótimo guia escrito para a experiência imersiva. “Conspirava-se principalmente nos quartéis do Exército. O clima entre os militares era de franca rebeldia contra o Governo”, prossegue. 

Tudo é confuso. Era comum que insatisfações resultassem em derrubadas de ministérios, e parecia mais uma vez ser o caso. Mesmo na manhã da Proclamação, “a grande maioria dos soldados que integravam as tropas golpistas em 15 de novembro não estava consciente de que se pretendia derrubar a Monarquia”, escreveu o historiador Celso Castro, citado por Gomes. 

O ministério é liderado pelo mineiro visconde de Ouro Preto, 53 anos. Dom Pedro II, uma década mais velho, se alterna entre o Rio de Janeiro e Petrópolis, serra e ferrovia acima, onde fica na residência predileta de verão, atual Museu Imperial. Marechal Deodoro da Fonseca, 62 anos, tem fortes crises de dispneia, ou falta de ar, gerando dúvidas quanto à sua sobrevivência e, em consequência, quanto ao sucesso da revolução. Deodoro é a principal fonte de esperança dos republicanos, mas ele mesmo é dos que hesitam abraçar o republicanismo.

Palácio da Ilha Fiscal recebeu baile da Monarquia seis dias antes da Proclamação da República. Crédito: Divulgação

Republicanismo remoto

A ideia de se proclamar uma República no Brasil, é claro, não nascera naquele mês. Os antecedentes eram descontínuos, mas muitos. Ainda no começo do século XVIII, houve as revoltas de Olinda (1710) e Vila Rica (1721), episódios em que a aspiração à instalação de uma “república nativa” (significando uma forma de governo republicana e oligárquica, como a que Veneza teve por 500 anos a partir do final do século XIII) surgiu em meio a outras. No final daquele século, houve as conjurações mineira (1789), do Rio de Janeiro (1794) e baiana (1798).

No século XIX, ideais republicanos fizeram parte da Revolução Pernambucana (1817) e, também em Pernambuco, da Confederação do Equador (1824), alastrada para outras partes do Nordeste, e da Revolução Praieira (1848); na Bahia, da Sabinada (1837). No Sul do Brasil, em meio à Revolução Farroupilha, iniciada em 1835, existiram duas Repúblicas: a Juliana (1839), proclamada na Província de Santa Catarina, e a Rio-Grandense (1836-1845), ou Piratini, no território hoje equivalente ao do Rio Grande do Sul. O militar Bento Gonçalves, primeiro dos dois presidentes dessa República, dá nome ao município gaúcho famoso pelas vinícolas.

Pode-se ler mais sobre todas essas rebeliões em Dicionário da República – 51 textos críticos, organizado por Lilia Schwarcz e Heloisa Starling, e sobre as anteriores à Independência em Ser republicano no Brasil colônia: a história de uma tradição esquecida, escrito por Starling.

Entre a abdicação de Dom Pedro I, em 1831, e a coroação antecipada de Dom Pedro II, nove anos depois, enquanto o país era governado por regentes, houve vácuos de poder território afora que deram a impressão de que o Brasil seria desmembrado em várias Repúblicas, assim como aconteceu com a América Espanhola, que acabaria fragmentada em 19 países.

Há historiadores que inclusive chamam a década de 1830 brasileira de “experiência republicana”. “Os vestígios de república são aí detectáveis nas revoltas provinciais, nas agitações urbanas, nos clubes políticos, nos debates parlamentares, na imprensa e mesmo nas reformas, como a suspensão do Poder Moderador [detido pelo imperador para reduzir atritos entre os outros Poderes] e a escolha dos regentes pelos eleitores”, escreve o historiador José Murilo de Carvalho em verbete do Dicionário da República.

As décadas seguintes são marcadas por relativa estabilidade, até que embates políticos dos anos 1860 desaguam, em 1870, na criação do Partido Republicano, que naquele mesmo ano lançou o jornal “A República” e, em dezembro, um manifesto que se tornou marco do republicanismo. “Somos da América e queremos ser american­­­os”, diz famosamente um trecho da conclusão, afirmando que a Monarquia isolava o Brasil no continente. “O elemento monárquico não tem coexistência possível com o elemento democrático”, afirmava-se.

Essa mobilização republicana entra nos motivos que levaram à derrubada da Monarquia. Quando se fala do que gerou o 15 de Novembro de 1889, porém, muitos historiadores enfatizam primeiro as colisões dos militares com o Império, depois da Guerra do Paraguai (1864-1870), em relação a salários, promoções e punições.

Com menos ênfase, são citadas as agitações de clubes e partidos republicanos; os proprietários de escravos que ficaram inconformados por não terem sido ressarcidos após a Abolição, ocorrida em maio de 1888; e a questão religiosa, uma disputa entre a Igreja Católica e a Maçonaria que envolveu o Império.

A professora de Sociologia da USP Angela Alonso, em colaboração para o Dicionário da República, traz uma síntese nítida da queda da Monarquia. “Embora a imagem póstera [futura] seja de golpe de caserna, sem povo, e de escravistas ressentidos, a República se inaugurou com mobilização civil-militar e gente nas ruas. Não é filha de um general e sua tropa”, sustenta. “A mudança de regime tem causalidade múltipla. O Império afundou por sua própria conta, incapaz de solucionar seus problemas estruturais”.

Alonso fala em “crises confluentes”: de Estado, por falta de extensão e força do Estado imperial em relação ao território; de partidos e representação política, porque elites de Províncias em decadência econômica tinham mais influência que, por exemplo, a ascendente elite fundiária de São Paulo; e de legitimação, uma vez que a Monarquia, no seu catolicismo rígido e restrição a uma parte da elite, foi ficando datada frente à campanha abolicionista, ao movimento republicano e a teorias científicas ensinadas nas escolas superiores.

Essas crises, diz Angela Alonso, se somaram à mobilização social, produzindo a conjuntura propícia para a mudança do regime. Para a socióloga, “a questão em novembro de 1889 não era se a Monarquia acabaria, mas como – plebiscito, complô, revolução – e por meio de qual coalização civil-militar. O Império era irreformável”, pontua, acrescentando: “Os líderes e a data [da Proclamação da República] foram contingentes, a queda, não”.

No dia da proclamação, Dom Pedro II estava na sua residência de verão em Petrópolis, hoje Museu Imperial. Crédito: Divulgação

Deodoro, o indeciso

Na manhã de 15 de novembro de 1889, “para surpresa geral, um Deodoro transfigurado surgiu diante de oficiais e soldados” assim que subiu no cavalo, relata Laurentino Gomes. “Com voz firme e decidida, começou a disparar ordens e a organizar tropas”. O médico particular do marechal teria dito depois que o seu paciente proclamou a República sem o seu consentimento.

Embora Deodoro estivesse decidido a cercar o quartel do Exército em que estava o visconde de Ouro Preto, o líder ministerial, ainda não tinha certeza quanto a formar um novo ministério ou proclamar outra forma de governo. “De concreto sabe-se que Deodoro em nenhum momento proclamou ou deu vivas à República, que nas horas seguintes se imporia como um fato consumado diante da incapacidade do poder imperial de resistir à própria implosão”, afirma Gomes.

Angela Alonso fala em uma “sequência vertiginosa de eventos, entre iniciativas republicanas, meio planejadas, meio improvisadas, mas convergentes, e reações monárquicas, caóticas, tardias e malogradas”. Essa sequência teria se desenrolado por 81 horas. No meio dela figuraria outro personagem famoso do início da República, Floriano Peixoto, que era alagoano, como Deodoro da Fonseca, e atuava como braço militar do gabinete de Ouro Preto. Essa posição foi estratégica ao deixá-lo próximo do visconde e então subitamente traí-lo.

Em um momento tenso, o ministro da Marinha, barão de Ladário, foi ao encontro de Ouro Preto. Ele recebeu ordem de prisão dos rebelados e sacou uma pistola, mas ela falhou e foi ele o alvejado. Internado, sobreviveu e, semanas depois, se anunciou republicano.

Presos Ouro Preto e um conselheiro do Império, os demais ministros foram autorizados a ir embora. Deodoro não fez eco aos que, no seu entorno, saudavam a República. Voltou para casa e, “exaurido, caiu na cama”. A proclamação oficial se daria, sem ele, na Câmara Municipal, feita pelo então vereador José do Patrocínio e reverberada em um jornal de propriedade sua, Cidade do Rio. Sem símbolos “genuinamente brasileiros que representassem o novo regime”, de improviso foi entoada A Marselhesa, hino nacional francês, e hasteada uma bandeira que imitava a dos Estados Unidos, mas com o verde e amarelo nacionais.

Dom Pedro II, informado do que ocorria, desceu de Petrópolis ao Rio de Janeiro para lidar com a situação. Pouco mais de 24 horas depois, seria enviado com a família para Portugal. Em 1889, há um relato detalhado dos últimos momentos do imperador no Brasil e dos dois anos em que viveu no exílio, com saudades do solo brasileiro, até morrer no final de 1891 em Paris.

Entrou para a história trecho de texto do jornalista republicano Aristides publicado dias depois afirmando que o povo assistiu à Proclamação da República “bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada”.

Isso vem sendo matizado por especialistas. Claro que boa parte da população carioca, pouco letrada e, em muitos casos, escravizada até pouco tempo atrás, não entendia o significado político daqueles eventos. No campo de Santana, porém, onde tropas se reuniram e houve incitações à proclamação, reuniram-se “cerca de duzentas pessoas, entre republicanos, curiosos e estudantes”, segundo Angela Alonso. Houve também, enquanto os líderes republicanos desfilavam pela Rua do Ouvidor, aclamação das sacadas dos sobrados. Segundo a socióloga, “longe de revolução popular, a República tampouco foi simples quartelada”.

Em Corumbá de Goiás, o viajante português Oscar Leal só soube da proclamação semanas depois. Crédito: Divulgação.

Celebrações em Goiás

Deslocando a experiência imersiva para Goiás, pode-se acompanhar, em novembro de 1889, o viajante português Oscar Leal, autor de Viagem às terras goyanas (Brazil Central), relevando os preconceitos da sua perspectiva europeia.

No dia 15, Leal, um entusiasta da República, ainda não sabe o que se passa no Rio de Janeiro. Nem ele nem os goianos, que, ainda sem telégrafo, só ficariam sabendo da Proclamação da República em carta recebida quase duas semanas mais tarde, em 28 de novembro.

O cenário em Goiás era bem diferente do Rio, capital federal desde 1763 e, no início da República, uma cidade de 522.651 habitantes, segundo o Censo Demográfico publicado em 1890. Na Província de Goiás inteira, havia menos da metade disso, 227.572 moradores.

Tratava-se apenas da 17ª província (os estados da época) mais populosa entre as 20 existentes. Goiás, a capital goiana, tinha 17.181 pessoas. Boa Vista do Tocantins, Bomfim, Catalão, Curralinho, Formosa, Morrinhos e Pirenópolis tinham menos, embora superassem 10 mil. A Província de Goiás era composta de 31 municípios, em contraste com os 246 atuais.

Ao longo dos anos 1880, jornais como O Bocaiúva e O Brasil Federal defenderam ideais republicanos em Goiás, mas tiveram curta duração. A fundação do Partido Republicano de Goiás dataria apenas de 1890.

Acompanhando, na imersão, Oscar Leal, nos dias de surgimento da República no Rio cavalga-se e caminha-se em Corumbá de Goiás fazendo um ecoturismo da época, inclusive com guia, para se percorrer e apreciar grutas, cavernas, rios, lagoas e cachoeiras.

No início de dezembro, a notícia de que o Brasil se tornara uma República por fim alcança o viajante lusitano. “Foi em Corumbá, no dia 5 de dezembro, que tive notícia dos acontecimentos de 15 de novembro no Rio de Janeiro e que deram lugar à Proclamação da República”, relata. “Cheio de alegria por ver a pátria livre, montei a cavalo às cinco horas da tarde e, depois de percorridas quase quatro léguas por ínvios [intransitáveis] caminhos, às oito horas da noite entrava em Pirenópolis, cujo povo, tendo à frente uma banda de música, autoridades, juízes e outras pessoas gradas [ilustres], festejava o grande acontecimento”.

Depois de meses de transição administrativa, Deodoro da Fonseca nomeia o primeiro governador do Estado de Goiás: Rodolfo Gustavo da Paixão, que assume em fevereiro de 1890. Em novembro daquele ano, Oscar Leal segue em terras goianas. No dia do primeiro aniversário da República, estava em Rio Verde, onde se dirigiu a várias pessoas e conseguiu “festejar a grande data com uma passeata e marche aux flambeaux [procissão iluminada, em francês no original], que teve lugar na mesma noite, estando à frente das principais casas iluminadas”.

Igreja Matriz em Pirenópolis: ao saber que o Brasil havia se tornado uma República, Oscar Leal celebrou na cidade. Crédito: Divulgação.

Brechas na Primeira República

O que mudaria, afinal, com a instauração da República?

Os anos de 1889 a 1930 passaram a ser pejorativamente chamados de República Velha já na Era Vargas (1930-1945), como estratégia para acentuar o contraste entre os dois períodos. Hoje, muitos historiadores optam pelo termo menos valorativo Primeira República, sem deixar de considerá-la uma República oligárquica, isto é, voltada para poucos.

Um dos atestados disso é o total de pessoas que foi às urnas nas dez eleições presidenciais diretas até 1930, um contingente nunca superior a 6% da população.

Analfabetos seguiam não votando desde lei do Império de 1881, e só recuperariam esse direito 107 anos mais tarde. O voto feminino seria permitido apenas em 1932. Em algumas eleições, no Império – embora com votos indiretos e para menos cargos – houve maior participação eleitoral que na República até os anos 1940. Era no mínimo uma ironia em relação à frase do manifesto republicano, antes mencionada, de que o elemento monárquico não poderia coexistir com o elemento democrático.

Além disso, os primeiros anos da República foram de instabilidade – de “entropia”, segundo o cientista política Renato Lessa. Houve duas revoltas da Marinha (ou Armada, como era então chamada), além da Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul, de Canudos, na Bahia, e de uma política econômica eufórica que multiplicou a oferta de moeda nacional, de compras de ações e de aberturas de empresas inconsistentes antes de multiplicar falências, o chamado Encilhamento.

Primeiro presidente eleito de forma direta (Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto foram eleitos pelo parlamento), Prudente Morais sofreu, em 1897, um atendado que matou seu ministro da Guerra. Só a partir de então, e sobretudo no governo seguinte, de Campo Sales, a Primeira República entraria em anos menos turbulentos.

Nesses anos, os brasileiros começaram a tatear a experiência republicana. “Investigações atuais têm revelado que na República Oligárquica brasileira havia espaço para experiências democráticas, para a ascensão de algumas minorias e para a expansão da cidadania”, afirma a historiadora Cláudia Viscardi no Dicionário da República. Havia “brecha para a intervenção de outsiders [indivíduos que não pertencem a um grupo determinado]”, pontua.

No período, ela explica, “as oposições ou as minorias alijadas do poder tinham assegurados três canais de manifestação de interesses”, que eram as eleições diretas para todos os níveis, a liberdade de imprensa e o direito à associação. Os processos eleitorais, como se sabe, tinham “inúmeras tentativas de controle”, mas “envolviam uma certa competitividade entre os pares”, com “brechas para que oligarquias dissidentes conseguissem ser eleitas”.

A imprensa, por sua vez, atuava “como importante ator político”, e o associativismo se traduzia em “greves, motins, uso da Justiça, pressão sobre lideranças políticas, reuniões, comícios, conferências, entre outras modalidades de manifestação”. Assim, complementa Viscardi, a ideia de uma “sociedade apática e desmobilizada, formada por indivíduos apartados, tem sido relativizada ultimamente”.

Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) e professor aposentado da Universidade Federal de Goiás (UFG), Nasr Chaul pondera sobre os limites de uma República “feita de cima para baixo, de um poder centralizado desde a política dos governadores de Campos Sales”, mas ressalta avanços, naqueles anos, na produção de café, no setor de transporte e nas lutas sociais, incluindo a Coluna Prestes.

Em Goiás, particularmente, os avanços se deram “na agropecuária, na larga produção de grãos e gado, fruto também das inúmeras charqueadas surgidas dos trilhos da estrada de ferro e das várias estradas vicinais”. A estrada de ferro, no caso, era a inaugurada em 1913 em Catalão, que trouxe “um surto de desenvolvimento ao sul e, potencialmente, ao sudoeste” do Estado.

Questionado se as brechas para a intervenção de outsiders mencionadas por Cláudia Viscardi existiam também fora dos principais estados, Chaul lembra das diferenças do processo histórico no eixo Rio-São Paulo em relação ao restante do país. Goiás seria marcado, na Primeira República, por “um domínio coronelístico entre grupos que oscilavam no poder e, muitas vezes, faziam composições para efetivar seu poder junto ao governo central”.

Os anos 1930, no Estado, efetivamente significariam uma ruptura. Foi quando se viu a necessidade de “inserir Goiás no projeto nacional”. Grupos com maior potencial econômico que não conseguiam participar do poder político devido à concentração desse em poucas famílias ganhariam seu espaço. Pedro Ludovico, representante do sul e do sudeste goianos, jogaria “todo o seu capital político na construção de uma nova capital”, que seria “moderna, em Art Déco, antítese do passado que se queria sepultar, da velha [cidade de] Goiás e suas referências políticas. Depois emerge a Marcha para o Oeste, Brasília, a rodovia Belém-Brasília…”, destaca Nasr Chaul.

Seguindo com essa aceleração da passagem do tempo, vê-se no Brasil recente o fortalecimento do “elemento democrático” que faltou tanto ao Império quanto a diferentes períodos da República. Nas eleições presidenciais do primeiro turno de 2022, por exemplo, 61% da população brasileira votou. Atualmente, mais de 70% dos brasileiros estão aptos a exercerem o direito de votar.

Autor Assembleia Legislativa do Estado de Goiás


Aparecida de Goiânia celebra, nesta sexta-feira (14/11), 62 anos de emancipação política e administrativa. A data marca o momento em que o então distrito de Goialândia conquistou autonomia e passou a ser oficialmente reconhecido como município, em 1963, um divisor de águas para o desenvolvimento econômico, social e institucional da cidade.

O município possui duas datas históricas no calendário oficial:

• 11 de maio, aniversário de fundação (1922), quando Aparecida surgiu como povoado;
• 14 de novembro, data da emancipação política, alcançada 41 anos depois.

A autonomia municipal foi aprovada pela Assembleia Legislativa, com articulação dos deputados Iris Rezende Machado e Olinto Meireles. A lei foi sancionada pelo governador Mauro Borges, que, em fevereiro de 1964, nomeou Licídio de Oliveira como o primeiro prefeito da cidade, passo decisivo para estruturar a administração e consolidar a nova identidade municipal.

Ao longo das últimas seis décadas, Aparecida passou por uma transformação profunda. De pequeno distrito, tornou-se a segunda maior cidade de Goiás, hoje com cerca de 600 mil habitantes. O avanço urbano ilustra essa expansão: em 1963, a cidade tinha apenas 23 setores; atualmente, são mais de 300 bairros oficialmente reconhecidos, crescimento que multiplicou por 13 o território organizado da cidade.

O prefeito Leandro Vilela (MDB) destaca que a data reforça o valor histórico e simbólico da emancipação e o compromisso atual com as políticas públicas.

“Aparecida nasceu do esforço de muitas mãos e continua crescendo graças ao trabalho e à determinação de seu povo. Celebrar 62 anos é reconhecer essa história e reafirmar que estamos construindo uma cidade cada vez mais humana, próspera e preparada para o futuro. Temos orgulho do que conquistamos nestes 10 meses de gestão, que têm devolvido alegria ao aparecidense e esperança no que está por vir”, afirmou.

Além da expansão territorial, Aparecida consolidou uma economia dinâmica, com forte geração de empregos, investimentos privados e políticas de inclusão que ampliaram o acesso da população a serviços, infraestrutura e lazer. O município também se destaca pela localização estratégica, capacidade logística e modernização administrativa, fatores que reforçam sua relevância regional e nacional.

Autor Rogério Luiz Abreu


O governador Cláudio Castro (PL) anunciou nesta 2ª feira (10.nov.2025) o reajuste de 166% no auxílio-alimentação dos policiais militares do Rio de Janeiro. O benefício passará de R$ 162,60 para R$ 433,80. Segundo o governo estadual, o valor estava congelado há 20 anos. O aumento abrangerá todos os policiais militares que atuam no Estado.

O anúncio foi feito em vídeo publicado nas redes sociais, no qual Castro aparece ao lado do secretário da PMERJ (Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro), coronel Marcelo Menezes.

“Conquista merecida para a PM: vamos ter reajuste do auxílio-alimentação! Depois de mais de 20 anos, conseguimos trazer essa merecida valorização àqueles que servem com coragem e compromisso ao povo do Rio de Janeiro”, escreveu Cláudio Castro ao comentar o reajuste.

Assista (1min33):

Na semana anterior, a Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) aprovou um projeto de reestruturação do quadro da corporação proposto por Castro. O texto, que ainda aguarda sanção do governador, projeta a redução do efetivo total da PM para 60.448 militares, a criação de novos cargos de coronel para oficiais da saúde e mudanças nas nomenclaturas dos quadros de oficiais.

As alterações buscam adequar a estrutura da PM fluminense à Lei Orgânica Nacional das Polícias Militares (Lei Federal 14.751/23). O governador tem até a próxima semana para sancionar o projeto aprovado pela Alerj.



Autor Poder360 ·


A Assembleia Legislativa de Goiás vai sediar, no sábado, 18, uma sessão solene em homenagem aos 80 anos da Faculdade de Farmácia e da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás (UFG). A iniciativa, do deputado Mauro Rubem (PT), é para reconhecer a relevante trajetória dessas duas unidades acadêmicas, que, desde 1945, têm desempenhado um papel essencial na formação de profissionais da saúde e na promoção do conhecimento científico.

Ao longo de oito décadas, as faculdades de Farmácia e de Odontologia da UFG consolidaram-se como referências nacionais em ensino, pesquisa e extensão. Sua atuação tem sido decisiva não apenas na formação de milhares de profissionais qualificados, mas também na defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e na promoção de políticas públicas voltadas à saúde coletiva, especialmente no Estado de Goiás. Segundo o deputado, o compromisso dessas instituições com a qualidade do ensino público e da produção científica contribui significativamente para o avanço da ciência e para o fortalecimento da atenção à saúde no Brasil.

A mesa diretiva terá representantes da comunidade acadêmica das duas faculdades: dirigentes, docentes, técnicos-administrativos e estudantes. Confirmaram presença: a reitora da UFG, professora Angelita Pereira de Lima; o diretor da Faculdade de Farmácia, professor Luiz Carlos da Cunha; e o diretor da Faculdade de Odontologia, professor Gersinei Carlos de Freitas. Participarão também coordenadores de curso e representantes da pós-graduação, da Farmácia Universitária, e entidades estudantis.

Para Rubem, a celebração reforça a importância do papel social das universidades públicas, destacando a contribuição das faculdades de Farmácia e de Odontologia para o desenvolvimento educacional, científico e social de Goiás. O evento, segundo ele, será também uma oportunidade de resgatar a história, reconhecer os avanços e renovar o compromisso com a formação de profissionais comprometidos com a saúde pública e o bem-estar da população.

Autor Assembleia Legislativa do Estado de Goiás


Rito formaliza decisão contra o ex-presidente e 7 aliados; advogados esperam explorar voto divergente de Luiz Fux

A 1ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) homologou nesta 3ª feira (23.set.2025) a ata do julgamento que resultou na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros 7 aliados por tentativa de golpe de Estado.

A homologação confirma formalmente a validade das decisões do colegiado. A partir desse momento, os ministros têm até 60 dias para depositar seus votos por escrito. Só então será publicado o acórdão, documento que consolida o entendimento do julgamento. Com a publicação, abre-se prazo de 5 dias para a apresentação de embargos de declaração, recurso usado para pedir esclarecimentos sobre pontos da decisão.

Bolsonaro foi condenado por maioria, em 11 de setembro, a 27 anos e 3 meses de prisão. A defesa já afirmou que pretende recorrer. Ao Poder360, advogados de réus do chamado “núcleo 1” avaliam que o voto divergente do ministro Luiz Fux pode abrir margem para a interposição de embargos infringentes —recurso que, em tese, poderia levar o caso ao plenário do Supremo, composto por 11 ministros.

O ex-chefe do Executivo já está em prisão domiciliar desde 4 de agosto, por descumprimento de medidas cautelares impostas pela Corte.

No tribunal, o caminho natural é a apresentação de embargos de declaração e, em seguida, dos infringentes, embora a expectativa seja de que esses últimos sejam rejeitados. Superadas essas fases, o processo transita em julgado, ou seja, não há mais possibilidade de recurso, e passa-se ao cumprimento das penas.

Entenda caso a caso as possibilidades de recurso:

 



Autor Poder360 ·


Carioca que se notabilizou por voz potente e grave estava internada no Hospital Silvestre desde junho com infecção pulmonar

Angela Maria Diniz Gonsalves, conhecida artisticamente como Angela Ro Ro, morreu nesta 2ª feira (8.set.2025) no Hospital Silvestre, no Rio de Janeiro. A cantora e compositora, que tinha 75 anos, estava internada desde junho com infecção pulmonar grave. Após enfrentar diversas complicações de saúde durante este período, Angela contraiu uma nova infecção que resultou em sua morte.

A cantora recebeu o apelido “Ro Ro” na infância por causa de sua voz naturalmente grave. Iniciou seus estudos de piano clássico aos 5 anos, desenvolvendo uma base musical que contribuiu para sua originalidade artística posteriormente.

A trajetória musical de Angela Ro Ro teve início efetivo na década de 1970, depois de uma viagem à Itália onde conheceu o cineasta Glauber Rocha. Em seguida, mudou-se para Londres, onde trabalhou como faxineira em um hospital, garçonete e lavadora de pratos em restaurante, realizando também algumas apresentações em pubs ingleses.

Por indicação de Glauber Rocha, a cantora participou do álbum “Transa”, de Caetano Veloso, tocando gaita na faixa “Nostalgia: That’s What Rock’n’roll Is All About”. Quando retornou ao Rio de Janeiro, começou a se apresentar em casas noturnas e foi contratada pela gravadora Polygram/Polydor (atual Universal Music).

O reconhecimento nacional veio em 1980, quando interpretou “Amor, Meu Grande Amor”, composição sua em parceria com Ana Terra, no Teatro Fênix. Vestida de smoking e sozinha no palco, apresentou ao país uma artista que expressava sentimentos pela perspectiva feminina. No mesmo programa, dividiu o palco com a veterana cantora Angela Maria, em um encontro que uniu diferentes gerações.

Angela Ro Ro se destacou na música popular brasileira com um estilo que combinava blues, samba-canção, bolero e rock. Ficou conhecida por sua franqueza ao abordar temas pessoais em suas composições. Ela era assumidamente lésbica. Uma das temáticas foi a luta contra a homofobia. Angela teve um relacionamento amoroso com a cantora Zizi Possi. Após o término conturbado da relação com uma acusação de agressão, Angela lançou o álbum “Escândalo” (1981).



Autor Poder360 ·


O Rio Araguaia atingiu neste mês de agosto, em Nova Crixás, o menor nível já registrado para o mês em quase 30 anos de medições do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo). Em Aruanã e Aragarças, a situação também preocupa, com cotas críticas, ainda que não recordistas. Além do Araguaia, outros rios importantes do Estado também registram índices preocupantes devido à estiagem prolongada.

De acordo com o levantamento do Cimehgo, o Rio Paranã, em Flores de Goiás, está próximo do menor nível histórico para agosto. Já os rios Meia Ponte, Vermelho e Turvo apresentam cotas abaixo da mediana, o que reforça os impactos da falta de chuvas. A exceção é o Rio Saia Velha, em Valparaíso de Goiás, que mantém índices acima da normalidade para o período.

A estiagem, que já chega a 110 dias sem chuvas em regiões do norte e oeste goiano, tem causado reflexos diretos no abastecimento, no ecossistema e também no agronegócio. A situação exige atenção redobrada das autoridades ambientais e de saúde, uma vez que a seca prolongada potencializa os riscos de queimadas e problemas respiratórios.

Previsão do tempo e baixa umidade

Segundo o boletim do Cimehgo, a semana será marcada por temperaturas elevadas e baixa umidade relativa do ar em praticamente todo o território goiano. Em Goiânia, a máxima deve chegar a 34 °C, enquanto em Jataí os termômetros variam entre 14 °C e 35 °C. No Norte, Porangatu pode alcançar 37 °C, e em Catalão, no Leste, a previsão é de até 31 °C.

A umidade relativa do ar deve cair abaixo de 20%, patamar considerado crítico para a saúde. A combinação de baixa umidade, calor intenso e grande amplitude térmica favorece problemas respiratórios e exige cuidados redobrados da população, como hidratação constante e evitar atividades físicas nos horários mais quentes.

Risco de queimadas

O boletim também alerta para o risco máximo de incêndios em Goiás. De acordo com o gerente do Cimehgo, André Amorim, a combinação do chamado “fator 30-30-30”, com temperaturas acima de 30 °C, umidade abaixo de 30% e ventos superiores a 30 km/h, coloca 158 municípios em situação crítica.

Entre as áreas mais vulneráveis estão unidades de conservação como o Parque Estadual dos Pireneus, a Serra de Caldas Novas e a Floresta Estadual do Araguaia.

O Cimehgo reforça a necessidade de uso racional da água e de medidas preventivas contra queimadas. A recomendação é evitar qualquer ação que possa gerar focos de fogo e adotar cuidados básicos com a saúde, como manter ambientes úmidos e evitar exposição prolongada ao sol.

Autor Rogério Luiz Abreu


A Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) realizou, na tarde desta quinta-feira, 21, sessão solene em homenagem ao cinquentenário da Associação dos Surdos de Goiânia (ASG), de iniciativa do deputado Delegado Eduardo Prado (PL). O tributo teve a intenção de destacar o trabalho da associação, ao longo de cinco décadas, na defesa de direitos, bem como ressaltar a importância de fortalecer iniciativas que assegurem dignidade, autonomia e representatividade à comunidade surda goiana.

Fizeram parte da mesa de trabalhos, além do parlamentar: Leonardo Rasmussen, presidente da Associação dos Surdos de Goiânia; professor Edson Franco Gomes, ex-presidente da Associação dos Surdos de Goiânia, homenageado com a Medalha do Mérito Legislativo Pedro Ludovico Teixeira; e Andréia Lino do Carmo Bessa, diretora do Centro de Atendimento Educacional Florescer. 

Ao iniciar a sessão, Eduardo Prado destacou a relevância da associação na sociedade e sua persistência em promover a dignidade e a inclusão. Em seu pronunciamento, o deputado ressaltou o papel vital da ASG como “braço forte dos surdos em Goiânia e em todo o Estado”. Ele enfatizou que a luta da comunidade surda nem sempre recebe a devida atenção e que poucos levantam a voz em sua defesa. O parlamentar mencionou a atuação da associação, salientando seu apoio contínuo em áreas como cultura e esporte. Além disso, ele se comprometeu a continuar defendendo a comunidade e os intérpretes de Libras, afirmando que a maioria de projetos de lei relacionados ao tema são de sua autoria.

Dentre as iniciativas legislativas mencionadas, o deputado destacou a lei que garante a presença de intérpretes de Libras durante o pré-natal e o parto de gestantes surdas. O projeto, que se tornou lei em Goiás, surgiu de uma colaboração com a OAB e a presidência da Associação das Mulheres Surdas. O parlamentar relembrou casos de violência que mulheres surdas sofriam em hospitais e celebrou a legislação como uma vitória significativa, garantindo-lhes o direito a um atendimento digno.

Eduardo Prado também citou outros projetos de sua autoria, como a criação do Dia do Intérprete de Libras e a obrigatoriedade de tradutores em escolas, hospitais e repartições públicas. Ele lamentou as dificuldades financeiras apontadas pelo Estado para a implementação dessas medidas. Ao final, o deputado confirmou seu empenho em promover a inclusão em diversos setores da sociedade, incluindo o comércio, e fez um apelo para que a Alego amplie a presença de intérpretes em suas sessões.

Conquistas e inclusão  

Ao discursar na solenidade, a diretora do Centro de Atendimento Educacional Florescer, Andréia Lino do Carmo Bessa, primeiramente agradeceu ao deputado Delegado Eduardo Prado pela homenagem. “É com muita satisfação que recebi o convite para participar desta sessão de 50 anos da ASG. Desde 2020, o parlamentar apoia nossa causa e, em tudo que pedimos seu apoio, ele realizou, dentro do possível, destinando emendas parlamentares para a comunidade e para os estudantes surdos”, relatou.

A diretora contou ainda que o Centro Florescer atende 1.200 cursistas e 310 alunos surdos de todas as partes do Estado. “As demandas e o trabalho só têm aumentado, mas estamos conseguindo com a ajuda do Delegado Eduardo Prado. Adquirimos dois estúdios, impressoras coloridas e mais equipamentos da sala de tecnologia”, revelou Andréia.

Em seguida, falando em nome dos homenageados, o ex-presidente da ASG, Edson Franco Gomes, contou um pouco da história da família e dos irmãos: quatro ouvintes e dois surdos. Ele mencionou a trajetória do pai, natural da Bahia, e da mãe, de Itumbiara, no Sul do Estado. “Minha história foi iniciada com muito sofrimento, mas após os 10 anos de idade, quando aprendi a língua de sinais, as coisas melhoraram. Fez muita diferença na minha vida. Mas, mesmo dentro das associações, não existiam intérpretes na época”, contou o ex-presidente.

Edson Franco afirmou que fundou a ASG em Goiânia, em 1975, para ajudar na melhoria da qualidade de vida dos surdos. “É um trabalho de luta pela comunidade surda. Por muito tempo não tivemos acessibilidade e havia muita dificuldade de comunicação. Hoje temos um espaço muito maior para o ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras), depois de muita dificuldade. Obrigado ao deputado pelo convite e pela homenagem. Agradeço a todos os presentes”, finalizou.

Por fim, o atual presidente da ASG, Leonardo Rasmussen, discursou, em Libras, com tradução simultânea em linguagem falada, durante a sessão solene. Rasmussen expressou sua gratidão aos associados pelo apoio contínuo em meio a todas as dificuldades e lutas enfrentadas pela comunidade surda ao longo do tempo.

O presidente também ressaltou a figura de Edson Franco Gomes, a quem ele creditou a fundação da associação e o início das conquistas de acessibilidade para a comunidade. Segundo Rasmussen, a atuação de Gomes, que aprendeu a Língua de Sinais no Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), foi fundamental para o desenvolvimento da comunidade surda goiana. “Graças a seu exemplo, hoje existem [profissionais] formados e talentos em diversas áreas mostrando que o surdo é capaz e pode se desenvolver”, salientou.

Ao finalizar seu discurso, Leonardo Rasmussen aproveitou para fazer um apelo. Ele solicitou mais intérpretes em locais essenciais, como delegacias de polícia, hospitais e outras instituições. O presidente da ASG ainda sugeriu a criação de um projeto de lei que garanta bolsas e transporte para crianças surdas participarem de eventos esportivos, destacando a necessidade de incentivar a inclusão pelo esporte.

Autor Assembleia Legislativa do Estado de Goiás


Rodrigo Paz e Quiroga disputarão a 2ª rodada do pleito em 19 de outubro; é a 1ª vez desde 2006 que a direita tem chances reais de conquistar a Presidência

A eleição presidencial realizada neste domingo (17.ago.2025) na Bolívia terminou sem definição. O centrista Rodrigo Paz (Partido Democrata Cristão), de 57 anos, e Jorge “Tuto” Quiroga (Aliança Livre, centro-direita), 65 anos, disputarão o 2º turno em 19 de outubro.

Paz recebeu 32,05% dos votos, enquanto Quiroga obteve 26,97%. Nenhum candidato alcançou os 50% necessários para vencer em 1ª votação, nem os 40% com 10 pontos de vantagem sobre o 2º colocado.

Esta é a 1ª vez desde 2006 que a direita tem chances reais de conquistar a Presidência, encerrando quase 20 anos de hegemonia da esquerda iniciada com Evo Morales e MAS (Movimento ao Socialismo).

O cenário se dá por causa da crise econômica no país, com inflação elevada (24,86% em julho), reservas cambiais baixas e escassez de combustíveis e produtos básicos, o que culminou na baixa popularidade do atual presidente Luis Arce (independente, esquerda).

Diferentemente de outros países sul-americanos que utilizam urnas eletrônicas, a Bolívia adota o sistema de votação em papel, com contagem manual.

Jorge Quiroga

Jorge “Tuto” Quiroga, 65 anos, nasceu em Cochabamba e é formado em engenharia industrial. Foi presidente interino da Bolívia (2001-2002) depois de servir como vice-presidente de 1997 a 2001, no governo de Hugo Banzer.

Candidatou-se anteriormente nas eleições de 2005, 2014 e tentou em 2020, mas retirou sua candidatura pouco antes do pleito. Defende um liberalismo conservador, redução do deficit fiscal, privatização de empresas públicas deficitárias, livre comércio com os Estados Unidos e China. Entre suas propostas de campanha, estão a eliminação de impostos sobre os dividendos e a criação de 750 mil empregos durante o mandato de 5 anos.

Rodrigo Paz

Rodrigo Paz Pereira é senador e ex-prefeito de Tarija. Filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993), construiu sua carreira política desde o início dos anos 2000. É formado em relações internacionais com especialização em Economia e concluiu uma maestria em gestão política na American University, em Washington D.C.

Sua campanha defende um modelo de “capitalismo para todos”, com foco na formalização da economia, combate à corrupção e reformas institucionais para limitar a reeleição e fortalecer a Justiça.



Autor Poder360 ·