
Público da maior conferência de ciência psicodélica do mundo é o novo target de empresas de wellness
Com mais de 500 conferências em dezenas de salas, a Psychedelic Science Conference reuniu painéis sobre ciência, economia e cultura psicodélica. Ao mesmo tempo, abriu espaço para negócios. Mais de 50 estandes de empresas e ONGs ofereciam produtos e serviços do setor no pavilhão de expositores.
Percorrer o 2º andar do Convention Center em Denver, no Colorado, revela a robustez da economia que se formou ao redor dessas substâncias e como empresas de diversos setores, sobretudo do bem-estar, unem-se para atrair um público específico: pessoas em busca de melhor qualidade de vida.
Cerca de ⅓ dos expositores eram marcas que não trabalham diretamente com psicodélicos, como bebidas funcionais, blends de cafés com cogumelos (não os mágicos), biojoias e várias outras que apresentavam tratamentos de beleza de última geração não invasivos, numa linha hippie-chique.
“A gente vem expor aqui porque o público é diferenciado, mais aberto e interessado em melhorar aspectos da vida em geral, porque eles têm realmente uma consciência mais expandida e não vivem só de psicodelia”, disse a marroquina Elisa, mãe de 4 filhos e representante de uma marca de cosméticos que promete os mesmos efeitos do botox, mas de “forma natural”.
Estande de café na Psychedelic Science Conference
Outro nicho com muitas representações é o de retiros psicodélicos.
Enquanto nos EUA isso ainda não é permitido por lei, grupos que atuam no México, na Colômbia, na Costa Rica e em outros países da América Latina promoviam retiros de ayahuasca e psilocibina, com pacotes a partir de US$ 650 para 4 dias, incluindo as sessões de psicodelia e terapia, hospedagem, e em alguns casos, também a alimentação, prometendo experiências autênticas para quem quisesse mergulhar nesse universo. Uma dessas empresas, que promove retiros na Costa Rica, tem o médico e autor húngaro-canadense, Gabor Maté, reconhecido internacionalmente por seu trabalho com vícios, trauma e saúde mental, entre os membros do conselho.
Por se tratar de um ambiente não de todo regulamentado, ainda paira no ar a insegurança sobre a qualidade das substâncias psicodélicas mundo afora.
Pela lógica da redução de danos e do uso seguro, algumas marcas surgiram oferecendo kits para testagem de drogas diversas, e em cujos estandes promoviam não só a venda dos produtos em si, mas também educação sobre formas mais seguras de uso e interações medicamentosas entre substâncias variadas.
Nessa mesma linha de redução de danos, uma empresa inventiva apresentou kits de preparação específicos para cada psicodélico. Cada kit inclui pastilhas formuladas para proteger o estômago, no caso dos cogumelos, ou atenuar a queda de humor após sessões de MDMA. A proposta é tornar a experiência psicodélica mais prazerosa, eliminando os desconfortos típicos.

Na imagem acima, kits à venda para testes em cogumelos
Múltiplas ONGs de vários Estados americanos reservaram estandes para recrutar novos integrantes, oferecendo parcerias que, por apenas alguns dólares, permitem apoiar a causa e ter acesso a informações especializadas. Havia de tudo: igrejas psilocibinas, grupos de veteranos ansiosos pela aprovação do MDMA como medicamento, entidades que defendem a legalização de todos os psicodélicos e outras focadas em uma única substância, como a ibogaína.
A formação de terapeutas e facilitadores vem ganhado mais espaço. De acordo com o evento, nesta edição, dobrou a oferta de estandes que vendiam algum tipo de curso para a atuação no setor. No Brasil, vale dizer, já existe a opção de formação psicodélica com o Camp (Centro Avançado de Medicina Psicodélica), uma iniciativa que nasceu no Instituto do Cérebro, da UFRN, e tem participação dos neurocientistas e brasileiros de renome internacional, como Dráulio Araújo e Sidarta Ribeiro –entre vários outros grandes nomes.
Os corredores repletos de expositores oferecendo soluções para o universo psicodélico deixaram claro que cheguei ao “1º mundo” desse mercado. Ali, a liberdade individual e coletiva para uso de substâncias visando melhor saúde se encontra com oportunidades de negócios inovadores –empresas que prosperam, geram empregos e aumentam a arrecadação de impostos. O resultado é uma sociedade com menos depressão, dependência e outros males, enquanto o Estado recebe recursos para políticas de educação sobre essas substâncias e programas de qualidade de vida para toda a população.
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