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11 de novembro de 2024
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As queimadas no Cerrado, em 2024, atingiram níveis alarmantes, agravando a devastação do bioma. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do dia 01 a 16 de setembro, Goiás registrou 2.592 focos de incêndio, mais que o triplo do total registrado em setembro de 2023, quando foram contabilizados 651 focos.

O Cerrado, que já perdeu 27% de sua vegetação nativa nos últimos 39 anos, segue ameaçado pelo fogo. De acordo com a organização MapBiomas, 88 milhões de hectares foram atingidos pelo fogo ao longo desse período, resultando na perda de 9,5 milhões de hectares de vegetação nativa.

A Chapada dos Veadeiros, um dos principais parques de preservação ambiental do Brasil, foi duramente atingida. Em setembro de 2024, mais de 10 mil hectares da área de preservação foram destruídos, colocando em risco a biodiversidade local e causando grandes danos ao ecossistema.

O bioma goiano tem uma alta propensão a queimadas na época de estiagem, que vai de maio a outubro. Mas, conforme dados do Corpo de Bombeiros, grande parte dos focos de incêndio tem origem criminosa ou está relacionada a atividades agropecuárias. Sete dos maiores municípios produtores de grãos e agropecuária de Goiás, como Rio Verde e Itumbiara, estão entre as cidades com maior incidência de queimadas. Juntas, essas regiões foram responsáveis por 1.676 focos de incêndio apenas em 2024.

“O deslocamento a pé com equipamentos pesados tornam o trabalho de combate aos incêndios desafiador” – Tenente Vanessa

Foto: CBMGO

A tenente Vanessa Furquim, do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás, explica que o combate ao fogo é uma tarefa complexa, especialmente em áreas de difícil acesso, como serras e morros.

“As grandes distâncias e o deslocamento a pé com equipamentos pesados tornam o trabalho desafiador. A vegetação alta também contribui para o aumento da intensidade das chamas e dificulta a ação dos bombeiros”, relata a tenente.

Ela destaca ainda o papel da Força-Tarefa Especializada, formada por bombeiros especialistas em combate a incêndios florestais, que tem atuado em regiões críticas como a Chapada dos Veadeiros.

“Estamos enviando nossas equipes sempre que percebemos algum incêndio de grande proporção, com o objetivo de promover uma rápida intervenção. Este ano, contamos com duas equipes especializadas na Chapada, justamente para proteger áreas de preservação”, informa.

A corporação também trabalha ativamente na conscientização dos proprietários rurais e da população em geral, incentivando a construção de aceiros e o cumprimento das legislações ambientais para prevenir a propagação do fogo. “A prevenção sempre será a nossa prioridade. Levamos orientação sobre os riscos e prejuízos do uso do fogo em áreas agrícolas e de preservação, promovendo ações educativas sobre a importância de proteger o meio ambiente”, afirma Vanessa Furquim.

As autoridades ambientais e policiais têm intensificado as investigações para identificar os responsáveis por atear fogo em áreas de preservação. A Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema) está atualmente com 137 procedimentos investigativos em andamento, além de 17 autuações em flagrante. Na última semana, cinco pessoas foram indiciadas por crimes ambientais em áreas como a Serra das Areias e o Parque das Laranjeiras, na Região Metropolitana de Goiânia.

A expectativa é que as chuvas previstas para outubro ajudem a diminuir os focos de incêndio, mas o cenário atual é de alerta. Como destaca a tenente Vanessa Furquim, “nossas temperaturas estão elevadas e a umidade relativa do ar está muito baixa, o que contribui para a propagação rápida do fogo.”

Secretaria de Saúde alerta sobre cuidados necessários devido a baixa qualidade do ar

Foto: Iron Braz

O aumento expressivo das queimadas traz consequências diretas à saúde da população. A fumaça decorrente dos incêndios, associada ao clima seco, tem agravado casos de doenças respiratórias, principalmente entre os grupos de risco, como crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas.

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) divulgou uma nota alertando para o aumento das internações por problemas respiratórios. Segundo o órgão, em agosto de 2024, foram registradas 315 internações em unidades de saúde estaduais relacionadas a doenças do aparelho respiratório. A SES-GO ressalta que a má qualidade do ar pode agravar condições preexistentes como asma e alergias, e que os efeitos nem sempre são percebidos imediatamente.

O texto reforça também a importância de medidas preventivas, como o consumo regular de água e a proteção contra a fumaça. “O uso de máscaras do tipo ‘cirúrgica’, panos, lenços ou bandanas pode reduzir a exposição às partículas grossas, especialmente para populações que residem próximas à fonte de emissão (focos de queimadas). A proteção ameniza o desconforto das vias aéreas superiores. Já as máscaras de modelos respiradores tipo N95, PFF2 ou P100 são adequadas para reduzir a inalação de partículas finas”, informa a nota da SES-GO.

Autor Agatha Castro


O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar oferece crédito com juros menores e mais garantias de acesso – Foto: Divulgação/MDA
  • Número de contratos cresceu 4,85% no estado na safra 2023/2024. Em todo o país, houve 1,68 milhão de contratos e subsídios de R$ 59,6 bilhões. Recorde de volume de crédito vem acompanhado do aumento da produção de alimentos saudáveis

Os agricultores familiares de Goiás contrataram, na safra 2023/2024, R$ 1,22 bilhão por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que oferece crédito com juros menores e mais garantias de acesso. O valor é 15,72% maior do que o financiado na safra anterior (2022/2023), quando R$ 1,05 bilhão foi investido por produtores rurais familiares baianos. Os dados estão disponíveis no ComunicaBR, plataforma de transparência ativa do Governo Federal. 

Em Goiás, o número de operações de crédito também teve crescimento entre julho de 2023 e junho de 2024. Nesse período, foram 16.533 contratos assinados, contra 15.768 da safra 2022/2023, aumento de 4,85%. 

Os números são reflexo do compromisso do Governo Federal de apoio direto aos agricultores familiares em prol da segurança alimentar da população brasileira. No Plano Safra da Agricultura Familiar 2023-2024, foram destinados R$ 71,6 bilhões ao Pronaf, montante 34% superior ao ano anterior e o maior da série histórica. 

Pela primeira vez, indígenas e quilombolas puderam acessar crédito e foi criada uma linha específica para as mulheres. O crédito foi mais nacionalizado e houve concessão de 40% de desconto no valor financiado para os Pronaf A e B. Também cresceu o financiamento de máquinas específicas para a agricultura familiar. 

“O Plano Safra da Agricultura Familiar cumpre um grande objetivo, que é aumentar a produção de alimentos e colocar mais comida saudável no prato de todas as brasileiras e brasileiros. E isso é possível por meio da oferta de crédito barato em todas as regiões do país”, afirma o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira. 

“Nós conseguimos, para a safra 2024/2025, o maior volume de crédito da história com redução de juros em 10 linhas de financiamento, fortalecendo a participação das mulheres e dos jovens, mecanizando as pequenas propriedades, promovendo a agroecologia e a recuperação de áreas degradadas e ampliando a inclusão produtiva pela via econômica através do microcrédito”, destaca Teixeira.



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