O rádio é um dos meios de comunicação mais antigos e importantes do Brasil. Já em suas primeiras atividades, o veículo desempenhou papel fundamental na sociedade brasileira. Era fonte de entretenimento, mas não só: também de informação, educação e política.
Neste 13 de fevereiro é comemorado o Dia Mundial do Rádio. Um instrumento que, oficialmente, só foi inaugurado em 1922. Suas primeiras transmissões, no entanto, vieram em 1919, em São Paulo, fruto da persistência de entusiastas do ramo da tecnologia. Com o passar do tempo e o sucesso dos experimentos, o rádio se consolidou como meio de comunicação, de fato.
Mais tarde vieram as grandes marcas da radiofonia nacional, como Rádio Nacional e a Rádio Tupi, por exemplo. Essas e outras empresas garantiram transmissões em cadeia nacional e, consequentemente, desbravaram um horizonte até então desconhecido.
Não demorou muito para que a novidade conquistasse o Brasil e seu povo. Foi assim que o veículo se tornou elemento fundamental e marcante da história política do País. Durante o Estado Novo (1937-1945) chegou a ser utilizado como instrumento de propaganda do governo. Depois, com a redemocratização, se tornou também um meio de expressão da sociedade civil.
Durante a ditadura militar, que imperou de 1964 a 1985, o rádio foi um dos poucos meios de comunicação que conseguiu manter uma certa independência e crítica ao regime. Muitas rádios comunitárias e alternativas foram criadas durante esse período, oferecendo uma voz para os movimentos sociais e políticos que lutavam contra a ditadura.
Com a redemocratização do país, o rádio continuou a desempenhar um papel importante na política brasileira. Não à toa muitas rádios se tornaram importantes palcos para o debate político, oferecendo uma plataforma para que representantes, analistas e cidadãos comuns expressem suas opiniões e debatam os principais temas do país.
Não morreu, e nem vai
Por meio das diferentes estações, os relatos do jornalista Libório Santos alcançam milhares de ouvintes. Seus mais de 50 anos de jornalismo em Goiás lhe renderam diferentes histórias. Muitas delas apuradas nos corredores da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), espaço por onde transita há quase 40 anos. Diariamente, Libório transmite seu conteúdo para mais de 170 rádios do Estado.
“Comecei a acompanhar o dia a dia da Assembleia em 1977”, informa Santos, sem saber elencar ao certo os principais fatos que testemunhou nesse período: “Foram muitas histórias, muitas, muitas mesmo”.
À Agência Assembleia de Notícias o radialista rememora a cobertura da morte do deputado Costa Lima, em 1981, vítima de um acidente aéreo (mais tarde, o parlamentar foi homenageado com o nome do principal auditório da antiga sede da Alego, na Alameda dos Buritis, Setor Oeste). Também ressalta as inúmeras discussões calorosas no plenário. “Uma vez assisti a uma discussão acirrada e vi um deputado atirar um cinzeiro contra um dos colegas. Naquela época fumava-se em qualquer lugar”, lembra Santos, descontraidamente.
“Mas as coberturas que mais me marcaram foram a Constituinte (1988) e o césio-137 (1987), dois assuntos em que a Assembleia se envolveu ativamente, discutiu, se aprofundou. Foram casos importantíssimos, de amplo alcance nacional. São momentos que marcaram a história”, lembra.
Libório Santos discorre sobre a relação do deputado Solon Amaral com a imprensa goiana. O político morreu em um trágico acidente nos anos 1990. “Ele foi uma figura muito expressiva. Era jovem, comunicativo, de fácil convívio com a imprensa. Além de um grande deputado, era uma figura querida por todos. Naquela época as relações eram mais próximas, assim como o contato com as fontes. Solon foi um grande jurista e um amigo da imprensa”, rememora. O parlamentar, assim como Costa Lima, terminou homenageado. Seu nome foi dado ao espaço que abrigava a Sala das Comissões do antigo prédio da Alego.
Depois de destacar alguns dos principais fatos ocorridos aos quais acompanhou no decorrer de sua carreira, o comunicador sai em defesa da vitalidade daquele que segue como seu principal meio de trabalho. Para ele, o rádio no interior “ainda é muito forte”. Isso lhe permite dizer, sem medo de errar, que não há qualquer verdade por trás da máxima de que o veículo está com os dias contados.
“Lembro-me que quando veio a televisão o comentário era de que o rádio iria morrer. Não morreu. Depois, veio a internet e o comentário era de que a televisão morreria. Também não morreu. Ou seja, o rádio, assim como a TV, não morreu, e nem vai”, sentencia o experiente radialista Libório Santos.
Nas ondas da Casa
Ciente da potência desse instrumento, há dez anos o Paarlamento goiano investia em sua própria estação. No decorrer da 17ª Legislatura, especificamente no ano de 2014, foi lançada a Rádio Assembleia Legislativa, um movimento inovador liderado pelo então presidente da Casa, deputado Hélio de Sousa (PSDB).
O estúdio, equipado para produção e transmissão dos programas, funcionava em paralelo às atividades da TV Alego na antiga sede do Poder Legislativo, localizada no Setor Oeste, em Goiânia. A rádio era comandada por três profissionais, dentre eles Sidney Teixeira, que segue servindo à Assembelia até os dias de hoje, porém na função de mestre de cerimônias.
“A programação era transmitida para todo o prédio. Funcionava como um misto de programação musical e notícias do Parlamento. Trazíamos de hora em hora boletins com informações sobre o que acontecia nas sessões, comissões, plenário, nas atividades culturais, enfim, sobre toda a rotina da Assembleia. Tudo funcionava de uma maneira muito organizada, tive uma experiência muito satisfatória”, considera o profissional que espera ver o projeto resgatado em um futuro não muito distante.
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