No Banner to display

21 de setembro de 2024
  • 05:41 Ex-prefeita de Catanduvas (SC) é indiciada por furto em Fortaleza
  • 01:57 Bia de Lima homenageia trabalhadores administrativos da educação na segunda-feira, 23
  • 22:11 Hugo Vitti se apresenta nesta sexta-feira na Cervejaria Cerrado
  • 18:25 Nike anuncia Elliott Hill como novo CEO
  • 14:42 A Assembleia Legislativa promoveu nesta 6ª-feira, 20, sessão solene em homenagem ao Dia do Auditor Fiscal


Em termos de deslocamento, das 584 mil mulheres negras empregadas no Entorno, 72,7% trabalhavam no Distrito Federal

Por Misto Brasil – DF

As mulheres negras representam 28,2% da população ocupada no Distrito Federal, totalizando 397 mil trabalhadoras. Em 12 municípios do Entorno e no Distrito Federal, as mulheres negras representavam 35,2% das ocupadas.

No total, elas são 30,1% ou 584 mil ocupadas.

Os dados foram revelados hoje (30) no boletim anual Mulheres Negras, elaborado em conjunto pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IpeDF).

Em termos de deslocamento, das 584 mil mulheres negras empregadas no Entorno, 72,7% trabalhavam no Distrito Federal. Na na Periferia Metropolitana de Brasília (PMB), 55,8% trabalhavam na região de moradia e 43,1% se deslocavam para o DF.

A distribuição etária das mulheres negras na população ativa do DF mostrou que a maioria tinha entre 40 e 59 anos (35,4%), seguida por jovens de 16 a 29 anos (24,3%). Entre as economicamente ativas, 41,1% tinham entre 40 e 49 anos, enquanto 28,4% estavam na faixa de 16 a 29 anos.

Na educação, 21,2% das mulheres negras do DF não haviam completado o ensino fundamental em 2023, enquanto 65% tinham concluído o ensino médio. Entre as economicamente ativas, 76,8% tinham pelo menos o ensino médio completo, sendo 33,2% com ensino superior.

O levantamento apresenta dados sobre mulheres negras na Área Metropolitana de Brasília (AMB) e na Periferia Metropolitana de Brasília (PMB).

A AMB é formada pelo DF e por 12 municípios goianos vizinhos (Águas Lindas de Goiás, Alexânia, Cidade Ocidental, Cocalzinho de Goiás, Cristalina, Formosa, Luziânia, Novo Gama, Padre Bernardo, Planaltina de Goiás, Santo Antônio do Descoberto e Valparaíso de Goiás).

Em 2023, a AMB contava com 1,24 mil mulheres negras de 14 anos ou mais, representando 34,7% da população em idade ativa. Entre elas, 67,7% residiam no Distrito Federal (DF) e 32,3% na PMB.

No DF, a presença das mulheres negras na população economicamente inativa foi de 32,2%, enquanto na PMB essa proporção era de 41,5%,

Autor


No último dia da 17ª edição do Festival Latinidades na capital federal, as escritoras negras de Brasília se encontraram no Museu Nacional da República, na região central da capital federal, para fazer um sarau onde leram poemas e textos em prosa.

A reunião ocorre periodicamente há quatro anos, e é organizada pelo coletivo Julho das Pretas que Escrevem no DF. O nome do grupo faz referência direta ao Mês da Mulher Preta Latino-Americana. O propósito do coletivo é estimular a escrita das mulheres e a publicação dos seus livros.

“A gente não quer ficar com os livros na gaveta”, afirma a escritora e jornalista Waleska Barbosa, idealizadora do coletivo.

As mulheres negras são o maior grupo populacional do Brasil: 60,6 milhões de pessoas, sendo 11,30 milhões de mulheres pretas e 49,3 milhões de mulheres pardas – 28,3% da população, de acordo com o Censo de 2022 (IBGE).

Apesar disso, e da contribuição da mulher negra para vários elementos da cultura brasileira, a participação e reconhecimento na literatura é diminuta, lembra Waleska. Apenas três autoras tendem a ser mais lembradas: a pioneira Maria Firmina dos Reis, com o romance Úrsula (1859); Carolina Maria de Jesus, autora de Quarto de Despejo : diário de uma favelada (1960); e Maria da Conceição Evaristo de Brito, que começou a publicar somente em 2003, com o romance Ponciá Vicêncio .

“Conceição Evaristo publicou um livro com mais de 20 anos na gaveta. Então, eu sempre digo que esse encontro de pretas que escrevem no DF é para a gente não passar tanto tempo sem publicar e sem falar”, enfatiza Waleska Barbosa.

Segundo a autora, o vazio da escrita feminina e negra na literatura brasileira foi ocupado por homens brancos, o que em alguns casos acarretou na construção de personagens caricatos: “a empregada, a gostosa, a pessoa hiper sexualizada, personagens subalternas e ridicularizadas.” Esses tipos se alimentam de preconceitos e alimentam preconceitos. A caricatura dos livros escritos por homens brancos “vai estar nos filmes e na TV”.

Para espantar preconceitos literários e promover mais autoras negras, o coletivo Julho das Pretas que Escrevem no DF faz homenagens a autoras locais de diferentes gerações. Este ano foram celebradas as escritoras Adelaide Paula, Ailin Talibah, Conceição Freitas, Elisa Matos, Norma Hamilton e as irmãs Giovana Teodoro e Lourdes Teodoro.

Autor


Em sua 17ª edição, o Festival Latinidades será realizado entre quinta-feira (25) e sábado (27) em Brasília. Criado na capital federal, o evento, que também acontece em outras cidades, celebra a mulher negra latino-americana e caribenha.

O tema desta edição é “Vem Ser Fã de Mulheres Negras”, para reforçar a contribuição dessas mulheres para toda a sociedade e a importância do reconhecimento dos trabalhos desempenhados por elas. A programação é gratuita, realizada no Museu Nacional da República, e conta com música, moda, humor, literatura e ancestralidade em três dias de festival.

A abertura será com uma discussão sobre o trabalho das trancistas brasileiras, em defesa de sua regulamentação e de seu reconhecimento como patrimônio cultural, com a mesa de debate “Trancistas – patrimônio cultural, economia criativa e trabalho”, realizada em parceria com o Instituto Fios da Ancestralidade e com a Casa Comum. 

No mesmo dia será lançada a exposição interativa-imersiva Afrolatinas – 30 anos em Movimentos, que contará a história do Dia da Mulher Negra. O encontro também terá uma sessão especial do documentário de mesmo nome, dirigido por Viviane Ferreira, também diretora do filme Ó Paí Ó 2. 

A música fica por conta de atrações como Sister Nancy, uma das maiores referências do reggae jamaicano, e da vencedora do Grammy Latino no ano passado Gaby Amarantos na última noite do encontro. A programação completa está disponível no site oficial do festival.

O festival já passou por Salvador e Goiás e depois da capital, São Paulo recebe o evento. Uma ação inédita em Londres, na Inglaterra também está programada. 

A edição é realizada por Jaqueline Fernandes da Rede Afrolatinas e pela Funarte, por meio do Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023.

Autor


  Essa é a cara do crente médio numa cidade onde 71% do segmento frequentam templos de pequeno porte, … [[{“value”:”

(FOLHAPRESS) – As igrejas evangélicas de São Paulo têm em sua base uma maioria de mulheres negras, em famílias com renda de até três salários mínimos. Essa é a cara do crente médio numa cidade onde 71% do segmento frequentam templos de pequeno porte, que comportam até 200 pessoas e se multiplicam pelas periferias.

 

Um panorama que pouco tem a ver com o imaginário alimentado por quem acompanha a distância a expansão evangélica na cidade. A tentação de associá-la a pastores ricos, quase sempre brancos e donos de impérios religiosos é forte, mas não espelha o retrato traçado por pesquisa Datafolha realizada entre 24 e 28 de junho com 613 moradores da capital paulista que se declaram parte desse ramo cristão.

O levantamento tem margem de erro de quatro pontos percentuais e foi formulado com colaboração dos antropólogos Juliano Spyer, colunista da Folha, e Rodrigo Toniol, a socióloga Christina Vital e o cientista político Vinicius do Valle, todos estudiosos da área.

Estamos falando de uma São Paulo onde uma em cada quatro pessoas é evangélica. Um bloco sobretudo feminino: elas são 58% entre os evangélicos e, segundo o Censo 2022, 53% da população local.

Os evangélicos negros do município, que somam pardos e pretos, são 67% -na média geral estimada pelo Censo, o bloco equivale a 43,5% dos paulistanos.

Quatro em cada dez entrevistados pelo Datafolha disseram frequentar uma igreja evangélica desde que nasceram ou antes dos 12 anos. Podemos chamá-los de evangélicos de berço, uma geração que já cresceu sob os auspícios dessa fé.

Em 55% dos casos, nem o pai nem a mãe tinham por hábito ir à igreja quando o fiel era criança.

Os números sugerem que a maior parte chega às igrejas após se converter, com 46% dizendo que incorporou cultos à rotina depois dos 18 anos. Esse expediente, em geral, passa por um batismo que inclui dizer que aceita Jesus Cristo como salvador.

O fenômeno de trocar uma religião por outra, imperioso no passado, abrandou –58% dizem nunca ter tido outra religião antes. Quando acontece de substituir uma crença, é a Igreja Católica que mais sai perdendo. Dela vêm 38% dos convertidos às fileiras evangélicas. O restante se fragmenta em religiosidades como umbanda, candomblé, espiritismo e budismo.

As megaigrejas que se impõem na cartografia religiosa são exceção. Só 12% costumam ouvir pregações em templos para mais de 500 pessoas. A malha evangélica paulistana é composta sobretudo por espaços que atendem até 200 pessoas, perfil popular nas periferias, onde as igrejinhas de bairro dominam, muitas delas sem um CNPJ próprio. É aquela história de pegar um galpão, colocar algumas cadeiras de plástico, improvisar um púlpito e pregar o Evangelho, sem apego maior a formalização.

Claro que nada impede que uma Universal do Reino de Deus, para tomar de exemplo uma gigante do meio, tenha templos menores nos rincões urbanos, com poucas dezenas de membros.

A assiduidade realça o alto engajamento dos fiéis: 54% vão a cultos mais de uma vez por semana, e 26%, pelo menos uma vez.

São 43% os que dizem pertencer a uma igreja pentecostal, categoria que abrange Assembleia de Deus, Congregação Cristã do Brasil e Deus É Amor. Em seguida, com 22%, estão os adeptos de casas neopentecostais, como Universal e Renascer.

Aqui vale um breve adendo: esse rótulo, forjado pelo sociólogo Ricardo Mariano nos anos 1990 para descrever uma nova onda do pentecostalismo brasileiro, não tem aderência no dia a dia evangélico. É difícil achar um crente que se defina como neopentecostal. Ele provavelmente vai preferir pentecostal.

As igrejas históricas, que incluem batistas e presbiterianas, são 10%.

Já os desigrejados -quem hoje se reconhece evangélico, mas não frequenta uma igreja- respondem por 5% da amostra.

O sonho da família tradicional brasileira própria não alcança todos: 51% dos entrevistados são casados ou amigados, 35%, solteiros, 9%, divorciados, e 6%, viúvos. Quatro em cada dez fiéis têm filhos. Por trás das estatísticas, há fiéis como a produtora de eventos Marcella Santos, 37, e a babá Jaciele Souza, 33.

Marcella louva a Deus desde que se entende por gente. Foi a mãe quem se converteu primeiro, e a família, até então embrenhada num catolicismo com notas espíritas, seguiu junto.

O trânsito religioso engatou após Marcella, ainda um bebê de seis meses, ser desenganada por médicos. “Nasci com uma deformidade que diziam não ter cura, uma perfuração no esôfago. Eu mamava e botava tudo pra fora.”

Deram-lhe pouco tempo de vida. “E eu tô aqui, 37 anos depois, falando com você.” Tudo graças a Deus, acredita ela. Ao receber o diagnóstico, a mãe tratou de buscar socorro em tudo o que é guarida espiritual, da umbanda ao kardecismo, conta Marcella.

Um dia, parou na porta da Comunidade da Graça. O pastor ouviu a súplica materna e pegou a neném no colo. “Foi igual àquela cena do ‘Rei Leão’, em que erguem o Simba. Ele me levantou nos braços dele e pediu para a igreja orar por um milagre de Deus.”

Desde então, as duas encorpam a massa de brasileiros absorvida pelo evangelicalismo. Hoje na igreja Renascer em Cristo e moradora de Itaquera, na zona leste, Marcella exibe no braço uma tatuagem do Leão da Tribo de Judá, que na teologia cristã simboliza Jesus.

A fé evangélica só recentemente imprimiu marcas na vida de Jaciele. A ex-católica já tinha um filho adolescente com nome de anjo bíblico, Gabriel, na Universal de Edir Macedo.

Foi numa igreja bem menor de Paraisópolis (zona sul), a Jesus Cristo da Nossa Bandeira, onde ela se sentiu acolhida. A guinada religiosa começou após o pastor perguntar se Jaciele, que cuida de uma mãe com câncer, sabia o caminho da salvação. Respondeu: com Cristo. Mas ela servia a Cristo? Aceitava-o como único salvador? Agora sim.
Professor de antropologia na UFRJ, Rodrigo Toniol aponta uma sólida transferência da identidade religiosa de pais para filhos evangélicos, algo que já foi mais forte no catolicismo.

Hoje o país tem “católico de IBGE” de sobra -o famoso não praticante. Já as pesquisas têm mostrado que o crente permanece na mesma órbita religiosa, ainda que não necessariamente continue na igreja que ia quando pequeno. “Ele pode ir para outras, tem uma circulação.”

Essa busca por uma fé que se adeque mais a cada pessoa seria uma das chaves para a popularidade evangélica num país que abre espaço até para igreja que promove culto para pets -essa aí, a goiana Fonte da Vida, chegou a receber provocações nas redes como “quem vai pregar é um pastor-alemão?”.

Toniol também julga importante bater na tecla de que o rosto típico nos templos é negro, pobre e feminino. “Acho que vale insistir para a gente chamar atenção de que essa também é a cara do brasileiro médio.”

Leia Também: Mortalidade materna de mulheres pretas é o dobro de brancas e pardas, diz estudo

“}]] 

Autor


O nível de desemprego entre mulheres negras e jovens, entre 18 e 24 anos, é três vezes maior do que entre homens brancos da mesma faixa etária. Além disso, elas têm menos acesso às proteções garantidas pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), de acordo com relatório da ONG Ação Educativa, a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Diante das dificuldades no mercado formal de trabalho, milhares de profissionais pretos e pretas se tornam empreendedores. Mas, os desafios continuam: é difícil conseguir crédito para tocar o próprio negócio, por exemplo. Uma das alternativas estimuladas por ONGs e associações é a filantropia antirracista, com investimentos voltados à igualdade racial.

Discutir a equidade racial e a igualdade de gênero no cenário econômico, especialmente no mercado de trabalho, é o objetivo central de dois eventos que serão realizados este mês em São Paulo:

2º Black Business Experience

Compartilhar experiências, promover o networking e empoderar mulheres negras empreendedoras são alguns dos principais objetivos do evento que acontece no dia 23 de julho, em São Paulo. As inscrições estão abertas e as vagas são limitadas.

Iniciativa do grupo Mulheres do Brasil, criado para engajar a sociedade civil na conquista de melhorias para o País, o evento surgiu da necessidade de proporcionar espaços inclusivos no mundo dos negócios. Para viabilizá-lo, foi formado um Grupo de Trabalho, inserido no Comitê de Empreendedorismo do Núcleo São Paulo, para fazer do evento uma plataforma de impacto e fortalecimento da comunidade empreendedora negra.

Juliana Lourenço, idealizadora do evento, empresária na Conta Delas e Instituto Sankofa, afirma que o empreendedorismo negro está se profissionalizando no País. “Programas de apoio ao afroempreendedorismo e redes de networking contribuem para os negócios comecem a se estruturar de forma a permanecerem vivos em longo prazo e não caírem nas estatísticas de fechamento nos primeiros cinco anos.”

Por outro lado, destaca Juliana, ainda existem desafios ligados ao racismo estrutural. “Nós, mulheres negras, só sairemos deste lugar quando consumirmos umas das outras com prioridade na nossa cadeia de fornecedores.”

O evento contará com palestras de líderes pretas como Silvana Inácio, fundadora da agência de Relações Públicas Si Comunicação; Luna Lima, proprietária de uma agência de influencers negros; Viviane Ferreira, especialista em inovação em Fintechs; Simone Nascimento, médica e representante da mulher negra da ONU; e Leia Sgroo, designer de joias.

“Promover a diversidade não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma estratégia inteligente para construir organizações mais inovadoras e resilientes e explorar os desafios e as oportunidades para o futuro da comunicação”, afirma Silvana Inácio.

Além das palestras, o evento vai contar com shows de música ao vivo, experiências gastronômicas, apresentações que vão celebrar a cultura e a identidade negra, workshops interativos e sessões de networking. “Existem infinitas marcas de produtos ou serviços com entregas excelentes, mas que precisam de oportunidades. E o Black Business chega para fortalecer esses lugares, trazendo visibilidade e conhecimento entre as empreendedoras”, diz Debora Apoena, integrante do Comitê de Empreendedorismo do Núcleo São Paulo do grupo Mulheres do Brasil e fundadora da Apoena.

3º Fórum Pacto das Pretas

Para discutir a equidade racial relacionada às mulheres negras e incentivar investidores a contribuir com soluções práticas de filantropia antirracista, a associação Pacto de Promoção da Equidade Racial promove a terceira edição do evento no dia 25, no Teatro Sesi, em São Paulo.

Com o tema Mulher Preta: Saúde, Políticas Afirmativas e Filantropia Antirracista, o encontro contará com a presença de lideranças do setor privado, sociedade civil, organizações nacionais e internacionais e consultorias com interesse na pauta racial e na intersecção de gênero.

Entre as palestrantes estão Luciana Barreto, jornalista e embaixadora do 3º Fórum Pacto das Pretas; Isabel Fillardis, atriz e também embaixadora do evento; Luana Ozemela, vice-presidente de Impacto e Sustentabilidade do iFood; Phutti Mahanyele, CEO Naspers South Africa; Tarciana Medeiros, presidente do Banco do Brasil.

O Pacto de Promoção da Equidade Racial procura implementar um protocolo ESG Racial para o Brasil, trazendo a questão racial para o centro do debate econômico brasileiro. “É com grande honra que participo como embaixadora de uma associação que visa debater e investir na ascensão profissional, trazer visibilidade e carreira executiva para mulheres negras por meio do fórum, que acontece anualmente com soluções práticas de filantropia antirracista no Brasil”, conta Luciana Barreto.

“Sabemos o quanto somos negligenciadas em todas as esferas. Para que essa realidade seja transformada, é preciso trazer os cenários e os dados que compõem a situação e debater soluções de transformação”, afirma Ednalva Moura, gerente de relações institucionais do Pacto de Promoção da Equidade Racial.

* Este conteúdo foi produzido em parceria com o Pacto de Promoção da Equidade Racial, organização que engaja seus stakeholders para implementar o Protocolo ESG Racial, e o Grupo de Trabalho do Comitê de Empreendedorismo do Mulheres do Brasil

2º Black Business Experience

Data: 23/7

Local: Casa Bisutti Jardins

Endereço: R. Dr. Mário Ferraz, 441

Horário: 19h

Valor do ingresso: R$ 180

3º Fórum Pacto das Pretas

Data: 25/07

Horário: 9h às 19h

Local: Teatro Sesi São Paulo

Endereço: Av. Paulista, 1.313

Para participar é necessário se cadastrar no link.

Autor


(Folhapress) Crianças e adolescentes negras são cerca de 40% dos casos registrados de estupro no Brasil, com o dobro da incidência em comparação com as meninas brancas. Isso apesar de elas representarem apenas 13% da população, segundo o Censo de 2022.

Os dados fazem parte de um estudo exclusivo feito pelo Núcleo de Estudos Raciais do Insper, com base nos dados do Sistema Nacional de Atendimento Médico, do Ministério da Saúde.

O levantamento apontou ainda que 6 de cada 10 registros de estupro no país envolvem meninas com menos de 18 anos, e que a proporção de mulheres pretas e pardas de todas as faixas etárias vítimas desse tipo de crime tem aumentado nos últimos anos.

Se em 2010, primeiro ano analisado pelos pesquisadores, 3 em cada 10 vítimas de estupro relatados eram crianças e adolescentes negras, em 2022 (último ano analisado) o número subiu para 4 em 10. Já as meninas brancas são 20% das vítimas —ou 2 em cada 10.

A diferença racial não é exclusiva entre crianças e adolescentes. As mulheres negras são a maioria das vítimas em todas as faixas etárias, numa proporção de aproximadamente 2 para 1 na comparação com as mulheres brancas, como acontece com as menores de 18 anos.

O estudo —feito pelos pesquisadores Alisson Santos, Daniel Duque, Fillipi Nascimento e Michael França, que é colunista da Folha— mostra que as mulheres pardas e pretas são as principais vítimas de todos os tipos de violência de gênero. Eles apontam a maior vulnerabilidade social das mulheres negras em relação a brancas como um dos motivos da diferença.

Além disso, o estudo verificou que aumento no número de casos notificados por vítimas negras de 2010 a 2022 é maior do que em outros grupos. No período, o total de registros desse crime no Brasil teve um aumento expressivo, indo de 7.617 em 2010 para 39.661 em 2022. As negras eram 48,4% das vítimas em 2010 e passaram a ser 60% em 2022. As brancas, que eram 38,1%, passaram a ser 33,3%.

A diferença racial é um pouco maior quando são tratadas apenas as crianças e adolescentes. As vítimas negras eram 50,6% do total em 2010, e as brancas, 34,6%. Em 2022, pretas e pardas passaram a ser 61,9% e as brancas, 30,8%. As demais vítimas estão como outras raças ou sem informação a respeito do assunto.

A maior parte das vítimas tem idades de 11 a 17 anos —elas são 39,2% do total. Nos casos que envolvem crianças e adolescentes, em torno de 50% dos agressores são do círculo de convívio familiar da vítima.

Para Santos, a falta de estatísticas com recorte racial prejudica o desenvolvimento de políticas específicas para essas vítimas. Ele afirma que a objetificação do corpo da mulher negra tem uma origem histórica no Brasil e remete à violência cometida pelos senhores contra escravizadas ao longo dos séculos.

Ele destaca que, apesar dos números altos, a subnotificação desse tipo de crime é um desafio para as estatísticas, ainda mais quando as vítimas são crianças e adolescentes. “No caso das meninas, a notificação é mais difícil, porque depende ainda da decisão de um adulto que resolve dar crédito à vítima e levar o caso adiante”, diz.

Por essa razão, o PL Antiaborto por Estupro, em discussão no Congresso, pode aumentar a vulnerabilidade das vítimas, especialmente nas idades entre 0 e 17 anos. A proposta equipara o aborto após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio, e é principalmente entre as mais jovens que ocorre a descoberta ou relato tardio da gestação.

O pesquisador aponta ainda que a vulnerabilidade socioeconômica acaba sendo um fator que deixa as mulheres negras mais expostas a este tipo de crime do que as demais. “Elas têm menos acesso ao mercado de trabalho e recebem salários menores, o que faz com que tenham uma maior dependência em relação a parceiros”, afirma, em relação a crimes cometidos dentro do ambiente doméstico.

Nascimento, que também faz parte da equipe da pesquisa, afirma que os resultados confirmam o duplo risco para as vítimas. “São várias camadas de vulnerabilidades, alimentadas pelo racismo e pelo machismo”, opina. Para ele, a situação se repete em outros casos que envolvem violência de gênero.

Segundo o levantamento, negras correspondem 68,61% das mulheres assassinadas em 2021, ao mesmo tempo em que brancas foram 30,2%. A desproporção entre pretas e pardas e brancas é maior no Norte e no Nordeste. A taxa de homicídios caiu no período, mas a redução foi mais expressiva para a população branca.

Nos casos relatados de assédio sexual de mulheres, que cresceram de 3.354 em 2012 para 11.811 em 2021, o aumento também foi mais expressivo na população negra. Elas eram 51,28% das vítimas em 2012 e passaram a ser 58,93% das vítimas em 2021. A desigualdade foi maior no Norte e Nordeste.

Pesquisadora sênior do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Juliana Brandão afirma que os dados que apontam as diferenças raciais entre as vítimas são fundamentais para a criação de políticas públicas específicas. “O resultado mostra mais um dos reflexos do racismo. A negação da discriminação racial no país só agrava situações como esta”, diz.

Para ela, a situação é de sobreposição de diversas vulnerabilidades que envolvem gênero e raça. “Estamos silenciando um debate que é de como evitar que as crianças e adolescentes negras continuem sendo vítimas preferenciais deste tipo de crime e numa proporção cada vez maior”, afirma.

Autor


Alaíde: mãe da bossa nova

Com o tema “Vem Ser Fã Das Mulheres Negras”, o Festival Latinidades, com patrocínio da Ambev e Correios, vai celebrar no Brasil em 25 de julho o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana Caribenha.

A programação inclui música, literatura, dança, moda, feira afro e amplifica o debate sobre a regularização e o reconhecimento como patrimônio cultural do trabalho de trancistas.

A 17ª edição do evento será realizada em Brasília, Salvador e São Paulo, e apresenta uma programação especial no Quilombo Mesquita, localizado em Goiás.

O dia 15 de julho foi instituído no Brasil pela Lei nº 12.987 e homenageia também Tereza de Benguela, uma das principais mulheres símbolo de resistência liderança na luta contra a escravização.

A população negra no Brasil corresponde a 54%, segundo o IBGE. De acordo com a Associação de Mujeres Afro, na América Latina e no Caribe, 200 milhões de pessoas se identificam como afrodescendentes e é a parcelaque mais sofre com a pobreza.

O Latinidades, idealizado por Jaqueline Fernandes, é uma iniciativa continuada de promoção de equidade de raça, gênero, plataforma de formação e impulsionamento de trajetórias de mulheres negras nos mais diversos campos de atuação.

Neste ano, o evento faz um chamado pelo reconhecimento e celebração da força transformadora das mulheres negras.

“Ser fã de mulheres negras em uma sociedade racista e machista é revolucionário. Em todas as edições do Latinidades, nosso objetivo é resgatar e evidenciar o papel fundamental das mulheres negras no desenvolvimento da sociedade e na conquista de direitos”, diz Jaqueline.

A edição 2024 homenageará mulheres que abriram caminhos para artistas negras no Brasil e no mundo, como a rainha do reggae Rita Marley, cantora cubana e CEO de fundações em prol da luta contra pobreza e a fome, Sister Nancy, cantora, compositora e DJ jamaicana, conhecida como a rainha do dancehall, a mãe da bossa nova Alaíde Costa, e Sandra Sá, artista brasileira, intitulada a rainha do soul.

Em parceria com a Confraria dos Pretos, uma ação afirmativa idealizada por jovens negros de diversas áreas do conhecimento, o Festival Latinidades volta a São Paulo para uma festa especial em comemoração ao Mês da Mulher Negra. No dia 26 de julho, La Dame Blanche apresentará suas influências afro-cubanas nativas com batidas de hip hop, trap, reggae e reggaeton no palco da casa de shows Cine Joia.

Brasília, cidade original do Latinidades, recebe o festival a partir do dia 25 de julho, com patrocínio especial da Ambev, quando será inaugurada a exposição interativa-imersiva Afrolatinas – 30 anos em Movimentos, no Museu Nacional da República, que contará a história do Dia da Mulher Negra e das lutas coletivas após 30 anos de sua criação.

Resgatando a estratégia de engajamento para a realização do I Encontro de Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, que ocorreu na República Dominicana em 1992, o Festival Latinidades firmou uma parceria inédita com o Correios.

O público presente à programação no Museu Nacional da República será convidado a escrever uma carta para uma mulher negra que admire e enviá-la, utilizando um selo criado especialmente para a celebração do Dia da Mulher Afro Latino-Americana e Caribenha, estabelecido durante o evento de 30 anos atrás.

Autor