13 de novembro de 2025
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Relatório bipartidário diz que Pequim distorce preços, controla refino e amplia influência sobre cadeias estratégicas

A Comissão Especial da Câmara dos EUA sobre Competição Estratégica com o Partido Comunista Chinês divulgou na 4ª feira (12.nov.2025) um relatório preliminar que acusa o país asiático de manipular preços de minerais críticos de forma sistemática e prolongada. O documento, apresentado de maneira bipartidária, descreve o que chama de estratégia coordenada do governo chinês para dominar cadeias produtivas de insumos como terras raras, lítio, grafite e carvão, usados em setores industriais, de energia e de defesa.

Segundo o relatório, o Partido Comunista Chinês enxerga minerais críticos como um instrumento geopolítico. O texto afirma que o governo chinês combina subsídios extensos, regulação direta de preços, controle sobre índices de referência e domínio da etapa de refino para moldar o mercado global de acordo com seus interesses. Para os congressistas, essa atuação teria reduzido a capacidade dos EUA de manter cadeias de suprimentos industriais e militares seguras. Leia a íntegra do documento, em inglês (PDF – 1,8 MB).

O documento afirma que empresas chinesas receberam apoio financeiro estatal estimado em dezenas de bilhões de dólares, permitindo a compra de minas e projetos de exploração em diferentes continentes. O relatório também apresenta leis e regulações internas que, segundo a comissão, fortalecem a intervenção estatal, como a legislação de preços de 1998 e a norma de 2024 sobre índices de commodities, que amplia a capacidade do governo de supervisionar e intervir na formação de preços.

Outro ponto mencionado é o avanço da China em estruturas de mercado que influenciam preços globalmente. O relatório cita a aquisição da London Metal Exchange pela Hong Kong Exchanges and Clearing e o incentivo governamental à internacionalização de agências chinesas de preços, como a Shanghai Metals Market. Para o comitê, essas iniciativas aumentam a capacidade da China de influenciar referências usadas por mercados internacionais.

O domínio chinês na etapa de refino é descrito como central. O relatório aponta que empresas do país controlam fatia expressiva da capacidade global de processamento de lítio e que devem responder pela maior parte do refino de terras raras até 2030. Esses insumos, afirma o texto, são essenciais para itens como motores elétricos, turbinas eólicas, eletrônicos e equipamentos militares, incluindo sistemas avançados utilizados pelas Forças Armadas dos EUA.

Em estudo de caso sobre lítio, o relatório lista aquisições de ativos na América Latina, na África e em outros países, afirmando que a China consolidou presença em minas estratégicas. O texto afirma também que autoridades e empresas chinesas atuaram de forma coordenada para reduzir preços quando as cotações subiram, o que teria afetado produtores concorrentes. Outro estudo de caso, sobre carvão, descreve intervenções de autoridades chinesas para controlar preços no mercado doméstico, inclusive com investigações e orientações diretas a empresas.

A comissão norte-americana apresenta 13 recomendações de política pública, como criar um coordenador federal para alinhar programas de minerais críticos, reforçar setores de mineração e reciclagem dentro dos EUA, analisar mecanismos para evitar importações “subavaliadas”, estruturar um estoque estratégico de recursos e ampliar incentivos à fabricação doméstica de ímãs e materiais relacionados.

As conclusões são classificadas como interinas. A comissão afirma que o objetivo da divulgação é alertar autoridades norte-americanas sobre riscos associados à dependência de cadeias de suprimentos influenciadas pelo governo chinês e orientar futuras ações legislativas.

Como mostrou o Poder360, especialistas norte-americanos afirmam que políticas adotadas pelos próprios EUA nas últimas décadas contribuíram para acelerar o domínio da China no mercado global de terras raras. A análise destaca decisões industriais e regulatórias que teriam fragilizado a produção doméstica norte-americana, abrindo espaço para a expansão chinesa na extração, no refino e no processamento desses minerais estratégicos.

A China suspendeu parte das restrições impostas à exportação de determinados minérios para os EUA. A medida se deu depois de Pequim ter endurecido exigências de licença e controle sobre insumos como grafite e materiais usados em baterias. A suspensão parcial foi interpretada como movimento pontual dentro de uma política mais ampla em que o governo chinês ajusta o fluxo de exportações conforme seus objetivos industriais e diplomáticos.

Na 5ª feira (6.nov.2025), o governo do presidente Donald Trump (Partido Republicano), adicionou 10 novos minerais à lista oficial de materiais considerados essenciais para a economia e segurança nacional.



Autor Poder360 ·