Lula celebra relatório que viu riscos à liberdade de expressão no Brasil
Lidiane 27 de dezembro de 2025
No X, governo afirmou que país conta com “instituições democráticas, fortes e eficazes”; segundo texto, há insegurança jurídica
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) celebrou o Relatório Especial sobre a Situação da Liberdade de Expressão no Brasil, divulgado na 6ª feira (26.dez.2025) pela CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos). A postagem no X comemora a avaliação sobre o país ter “instituições democráticas fortes e eficazes”. Leia a íntegra (PDF – 3 MB).
Apesar disso, o texto afirma que o Brasil enfrenta riscos crescentes à liberdade de expressão. Entre os motivos, cita a existência de uma definição legal unificada para “discurso de ódio” no ordenamento jurídico brasileiro, o que causa insegurança jurídica e amplia o risco de interpretações divergentes.
DISCURSO DE ÓDIO
A CIDH registra crescimento de discursos que incitam violência ou discriminação contra mulheres, pessoas LGBTQIA+, negros, povos indígenas e movimentos sociais. O relatório aponta que esses episódios têm caráter recorrente e organizado.
O texto também aponta a presença de grupos de inspiração neonazista em plataformas digitais. Segundo estudos citados pela relatoria, o Brasil teria mais de 500 células ativas, com atuação concentrada em ambientes virtuais fechados. Essas redes são descritas como responsáveis por campanhas coordenadas de assédio, disseminação de ideologias violentas e episódios registrados em escolas e universidades, com impacto direto sobre a segurança de grupos vulneráveis.
A relatoria recomenda a adoção dos parâmetros do Plano de Ação de Rabat, da ONU (Organização das Nações Unidas). O modelo estabelece 6 critérios cumulativos para a restrição de discursos: contexto sociopolítico, posição do orador, intenção, conteúdo, alcance da mensagem e probabilidade de dano iminente. A CIDH avalia que, sem balizas claras, políticas de combate ao ódio podem resultar em restrições indevidas à crítica legítima e a temas de interesse público.
ATUAÇÃO DO JUDICIÁRIO
O relatório reconhece que o STF (Supremo Tribunal Federal) teve papel central na contenção de ameaças à ordem constitucional após 8 de janeiro de 2023. A CIDH considera que as decisões foram adotadas em um contexto de risco institucional elevado e ressalta que o Judiciário atuou para preservar o Estado Democrático de Direito.
No entanto, o documento alerta para o uso recorrente de expressões como “desordem informacional” e “informação gravemente descontextualizada”, que não têm definição legal precisa. Segundo o relatório, a aplicação desses conceitos, associada a medidas como bloqueio de perfis e remoção de conteúdos sem critérios públicos claros, pode provocar um efeito inibidor sobre jornalistas, pesquisadores e o debate público.
RESPONSABILIDADE DAS AUTORIDADES
A CIDH também afirma que agentes públicos têm dever reforçado de diligência ao se manifestarem em espaços institucionais ou redes sociais. O relatório cita que a imunidade parlamentar não pode ser utilizada para justificar a disseminação deliberada de desinformação ou discursos estigmatizantes que ampliem a vulnerabilidade de minorias.
O documento recomenda que partidos políticos adotem códigos internos de conduta, com mecanismos claros de responsabilização, para coibir práticas que degradem o debate democrático, especialmente durante períodos eleitorais.
Lula abre ministerial, cobra vitórias nas urnas e admite falhas no governo
Lidiane 17 de dezembro de 2025
Presidente orientou ministros para eleições, reconheceu problema na comunicação e celebrou conquistas no Congresso e com Trump
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu a última reunião ministerial de 2025 cobrando resultados eleitorais de ministros que devem deixar o governo em 2026. “Quem tiver que sair que saia, mas por favor, ganhe“, disse o petista nesta 4ª feira (17.dez.2025) na Granja do Torto, em Brasília.
O presidente usou o início da reunião para traçar orientações políticas para 2026, ano eleitoral que deve esvaziar metade do ministério. “Será inexorável decidir de que lado está“, afirmou, sinalizando que espera posicionamento claro dos auxiliares nas disputas.
Após Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) fala à equipe. Em seguida, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, apresenta um balanço das realizações do governo em infraestrutura. A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), fará avaliação da conjuntura política e da relação com Câmara e Senado.
A reunião deve se estender por horas e terminar com confraternização. Esta é a 3ª reunião ministerial de 2025.
O encontro reuniu toda a equipe ministerial para um balanço dos quase 3 anos de mandato. Lula caracterizou 2025 como o “ano da colheita” e afirmou que o governo já anunciou todas as políticas sociais previstas, com eventuais exceções por falta de tempo.
Por isso, disse que 2026 será o “ano da verdade”. Segundo ele, o período eleitoral deverá servir para mostrar “quem é quem” no país, o que foi feito antes de sua gestão e o que passou a ser realizado após a chegada do atual governo ao poder.
Falhas na comunicação
Lula reconheceu dificuldades na comunicação governamental. “Eu tenho a impressão que o povo ainda não sabe. Nós ainda não conseguimos a narrativa correta“, declarou ao cobrar melhor divulgação das entregas da gestão.
Lula citou a reforma tributária e a ampliação da faixa de isenção do IR (Imposto de Renda) como vitórias no Congresso, consideradas improváveis para uma base minoritária. “Um governo que tinha 120 deputados numa Câmara de 513 e 14 ou 15 senadores“, lembrou, atribuindo os avanços à capacidade de diálogo da equipe.
Vitória com Trump
Lula mencionou conversas com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicano), sobre as tarifas de 50% impostas em agosto contra produtos brasileiros.
Trump anunciou em novembro uma retirada depois de negociações telefônicas com o petista. Recentemente, as sanções ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) caíram, o que o Planalto vê como consequência direta da atuação de Lula.
“Eu falei pro Trump: fica mais barato conversar“, disse o Lula na ministerial, defendendo a diplomacia sobre confrontos comerciais.
Para 2026
O petista dedicou o final do discurso à transposição do rio São Francisco, projeto que considera prioritário para 2026.
Lula afirmou ter encomendado uma maquete da obra, embora tenha admitido que ainda faltam etapas.
“São vários canais, interligando as ruas, transformando rios que já estavam secos em rios perenes“, afirmou.
Grupo Silvio Santos apresenta “SBT News” em cerimônia que reuniu autoridades de diferentes espectros políticos em São Paulo
O Grupo Silvio Santos lançou oficialmente o SBT News, novo canal de notícias com programação 24 horas, em cerimônia realizada nos estúdios do SBT em Osasco (SP) nesta 6ª feira (12.dez.2025). O evento reuniu autoridades de diferentes espectros políticos, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas , o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). A estreia da programação está marcada para a próxima 2ª feira (15.dez.2025).
O evento foi marcado para o dia em que Silvio Santos, fundador do SBT, faria aniversário. Ele morreu em agosto de 2024.
A marca SBT News, até então ligada exclusivamente ao portal digital do SBT, se transforma em uma operação multiplataforma, com distribuição pelas principais operadoras de TV por assinatura, transmissão ao vivo pelo YouTube e presença em canais de streaming gratuitos para TVs conectadas.
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O novo canal estará disponível na Claro TV (canal 586), Vivo (canal 576), Sky (canal 580) e Oi (canal 175). O SBT News poderá ser acessado também por meio de canais FAST em televisores conectados das marcas Samsung, LG, AOC e Roku, bem como por transmissão ao vivo no YouTube.
A cerimônia contou também com a presença da primeira-dama Janja da Silva, dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, além dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. Um espaço específico foi preparado nos estúdios do SBT na capital paulista para receber os convidados.
A implementação do novo canal está sob a liderança de Fábio Faria, ex-ministro das Comunicações durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e genro de Silvio Santos, casado com Patrícia Abravanel. Camila Mattoso, que anteriormente dirigiu a redação da sucursal de Brasília do jornal Folha de S.Paulo, ficará responsável pela direção de redação.
Renan Calheiros, Eduardo Braga e Jaques Wagner encontram presidente enquanto governo estuda vetar o texto aprovado pela Câmara
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu por 3 horas na noite desta 4ª feira (10.dez.2025) com Renan Calheiros (MDB-AL), Jaques Wagner (PT-BA) e Eduardo Braga (MDB-AM) na Granja do Torto. O assunto foi o PL da Dosimetria, que o governo ainda avalia se vetará.
A ida dos senadores se dá poucas horas depois de Renan e Braga tratarem do tema com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). A reunião na Granja não estava prevista e surpreendeu a equipe presidencial.
Calheiros, um dos nomes mais influentes da Casa, tem defendido ajustes no texto. Braga será decisivo no ritmo de tramitação: ele elogiou a decisão de submeter o tema à CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania). Wagner, líder do governo no Senado, coordena a articulação do Planalto.
O encontro é realizado em momento de tensão entre Executivo e Legislativo. Na madrugada desta 4ª feira, a Câmara aprovou o texto-base que reduz penas dos condenados pelos atos do 8 de Janeiro —decisão pautada por Hugo Motta (Republicanos-PB) sem aviso prévio ao Planalto.
No Senado, o projeto é relatado por Esperidião Amin (PP-SC), e Alcolumbre já iniciou movimentos para acelerar a análise. A expectativa é que a votação seja realizada na semana que vem. Wagner não deve conseguir adiar o pleito, mas pretende apresentar um pedido de vista depois de o relator Espiridião Amin (PP-SC) apresentar o relatório.
Amin falou na possibilidade de incluir a anistia no relatório, mas que isso depende de uma “decisão política”. O presidente da CCJ do Senado, Otto Alencar (PSD-BA), afirmou que a inserção seria inconstitucional.
Gleisi Hoffmann (PT), ministra da Secretaria de Relações Institucionais, já orientou voto contra o projeto, reforçando a resistência do governo à tramitação da proposta. Ela é responsável pela articulação política do Planalto com o Congresso Nacional.
PL da Dosimetria
O PL da Dosimetria, aprovado durante a madrugada de 4ª feira (10.dez) pela Câmara dos Deputados, visa a reduzir a pena de todos os condenados pelos atos de vandalismo do 8 de Janeiro e também daqueles que foram condenados pela tentativa de golpe de Estado, como o ex-presidente Jair Bolsonaro. Passou com 291 votos a favor e 148 contra.
A proposta altera a regra atual de somar penas quando crimes são cometidos no mesmo contexto –como invasões ou atos em grupo– para que prevaleça apenas a pena do crime mais grave, com acréscimo de uma fração variável da pena, o que pode resultar em redução significativa do tempo de prisão.
No caso do ex-presidente Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses de prisão, o texto, segundo o relator do projeto, permitiria reduzir a pena a cerca de 2 anos e 4 meses. Já advogados consultados por este jornal digital dizem haver incoerências jurídicas e questionam a possibilidade de readequação automática da pena, o que cria incertezas sobre o efeito real da lei caso seja promulgada.
Presidente tapou os olhos de Tedros Adhanom para que ele adivinhasse quem era; momento se deu na cúpula do G20
O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom, publicou, no sábado (29.nov.2025), em seu perfil do Instagram, um vídeo de um momento de descontração com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a cúpula do G20, realizada em 22 e 23 de novembro em Joanesburgo (África do Sul).
Nas imagens, Adhanom está sentado, Lula chega por trás e tapa os seus olhos. O diretor-geral da OMS precisa adivinhar quem é. Depois, eles se abraçam e conversam. “Um momento descontraído com o presidente Lula na Cúpula do G20 da semana passada, em Joanesburgo”, escreveu o diretor-geral da OMS.
Assista ao vídeo:
A light-hearted moment with President Lula at last week’s G20 Summit in Johannesburg.@LulaOficial
*📷 ©️ @AthiGeleba pic.twitter.com/XsG8IqaVRE
— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) November 29, 2025
G20
Ao discursar em sessão do evento, Lula defendeu que o G20 assuma o papel de conduzir a transição energética. Na sua visão, “só haverá transição justa se o G20 liderar o caminho”.
Segundo ele, “é do G20 que um novo modelo de economia deve emergir”. O presidente declarou que “o grupo é um ator-chave na elaboração de um mapa do caminho para afastar o mundo dos combustíveis fósseis”.
Em outro discurso, na abertura da cúpula, Lula disse que a Agenda 2030 “não passará de uma declaração de boas intenções” sem o financiamento adequado.
“Está na hora de declarar a desigualdade uma emergência global e redesenhar regras e instituições que sustentam assimetrias. O Brasil apoia a proposta da África do Sul de criação de um Painel Independente sobre Desigualdade, nos moldes do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima”, declarou o chefe do Executivo.
Ex-ministro diz que encontro em Belém teve baixa adesão internacional e acusa gestão ambiental de abandonar a região amazônica
O ex-deputado federal Aldo Rebelo (MDB), 69 anos, voltou a criticar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), classificando a COP30 como um “fiasco político”. Em vídeo publicado neste sábado (15.nov.2025), o ex-ministro afirmou que o encontro climático em Belém (PA) teve pouca participação de líderes estrangeiros e acusou o Palácio do Planalto de permitir que a Amazônia permaneça com os piores indicadores sociais do país.
Aldo Rebelo disse que a conferência foi esvaziada e que países centrais das discussões climáticas não compareceram.
“Não veio o presidente dos Estados Unidos, que além de não comparecer retirou-se da conferência de Paris e não mandou nem o porteiro da Casa Branca. Não veio o presidente da Rússia. Não veio o presidente do Uruguai, do Paraguai, da Argentina. Ou seja, os Brics e o Mercosul não apareceram por aqui”, declarou.
A COP 30 é um fiasco político. pic.twitter.com/T4OeMb6GDJ
— Aldo Rebelo (@aldorebelo) November 15, 2025
Segundo ele, até o evento organizado pela primeira-dama, Janja, teve baixa presença. “Não tinha nem gente para o coquetel que a primeira-dama organizou e que chegou atrasada também. Foi um fiasco político.”
O ex-deputado também criticou Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, e Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas. Disse que ambas participam da marcha climática e depois “voltam para São Paulo, onde têm domicílio e mandato”, enquanto a Amazônia “fica entregue ao seu destino”.
Rebelo citou indicadores sociais e afirmou que a região mantém “as maiores taxas de analfabetismo, doenças infecciosas, mortalidade infantil e os piores números de saneamento básico e acesso à energia elétrica”. Para ele, a marcha climática realizada na COP30 seria “uma atividade esvaziada” e contrária ao desenvolvimento regional.
histórico
A crítica se soma à linha que Rebelo vem adotando nas últimas semanas. Em 8 de novembro, ele publicou outro vídeo em que acusou ONGs de “controlarem” o Ministério do Meio Ambiente e afirmou que existe uma “caixa-preta” dentro do Estado brasileiro —tema abordado em reportagem anterior do Poder360.
Ex-ministro da Defesa (2015-2016), ex-ministro da Ciência e Tecnologia (2015), ex-ministro do Esporte (2011-2015), ex-ministro da Secretaria de Coordenação Política da Presidência da República (2004-2005) e ex-presidente da Câmara dos Deputados (2005-2007), Aldo Rebelo foi deputado federal por 6 mandatos consecutivos, a partir de 1991, sempre eleito pelo Estado de São Paulo.
Foi por muitos anos do PC do B, legenda na qual militou desde o movimento estudantil nos anos 1970 e 1980. Afastou-se do partido em 2017, passou por outras siglas e é filiado ao MDB desde 2024.
No encerramento da Cúpula de Líderes, presidente avalia que houve retrocesso no pacto climático e pediu que economias ricas financiem ações em países em desenvolvimento
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encerrou nesta 6ª feira (7.nov.2025) a Cúpula de Líderes, em Belém (PA), com um balanço dos 10 anos do Acordo de Paris e afirmou que a saída para a crise climática depende de uma governança global efetiva.
“Não existe solução para o planeta fora do multilateralismo“, afirmou o petista na 3ª sessão temática da Mesa de Líderes, dedicada ao tema “10 Anos do Acordo de Paris: NDCs e Financiamento”. Lula foi crítico ao avaliar que “o mundo ainda está distante de atingir o objetivo do Acordo de Paris“.
“Estamos realmente fazendo o melhor possível? A resposta é: ainda não“, disse o petista. A presidência brasileira buscou reforçar a implantação efetiva do acordo.
Um dos pontos centrais foi a cobrança por financiamento climático adequado. Lula defendeu instrumentos de troca de dívida por ação climática e propôs a tributação de super-ricos e corporações multinacionais para obter recursos.
O chefe do Executivo brasileiro criticou o fato de a maioria dos recursos ainda ser oferecida sob a forma de empréstimos. “Não faz sentido, ético ou prático, demandar a países em desenvolvimento que paguem juros para combater o aquecimento global“, disse.
Lula pediu o alinhamento das NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) à Missão 1.5, compromisso assumido em Dubai. Também citou o Mapa do Caminho Baku-Belém, aprovado em 2024, como exemplo de “vontade política”. Esse instrumento estabelece US$ 1,3 trilhão anuais para mitigação e adaptação.
“Sem meios de implementação adequados, exigir ambição dos países em desenvolvimento é injusto e irrealista“, declarou.
CONSELHO DO CLIMA
O petista voltou a propor a criação de um Conselho do Clima, ideia que já apresentou ao G20 e à Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). “É uma forma de dar ao desafio da implementação a estatura política que ele merece“, afirmou. Dessa forma, Lula se alinha a outros líderes responsáveis pela elaboração do Acordo de Paris.
Laurent Fabius, presidente da COP21 e atual chefe do Círculo dos Presidentes da conferência climática, também defendeu a cooperação internacional: “Sabemos os obstáculos, mas devemos ficar com o multilateralismo.“
AUSÊNCIAS
A Cúpula de Líderes foi marcada pela ausência dos Estados Unidos e da Argentina. O governo norte-americano se retirou do Acordo de Paris em janeiro de 2025, durante o 2º mandato do presidente Donald Trump (Partido Republicano). O país é o 2º maior emissor de gases de efeito estufa do planeta.
A Argentina também anunciou sua saída neste ano, sob o governo de Javier Milei (La Libertad Avanza, direita), em alinhamento com políticas de incentivo aos combustíveis fósseis.
Nos bastidores da cúpula, a avaliação é de que as tensões geopolíticas podem levar o governo de Narendra Modi a rever sua permanência no acordo – e sem Estados Unidos e Índia, o Acordo de Paris perde sustentação política e sentido prático.
Fabius reconheceu que seria difícil reproduzir o Acordo de Paris no contexto atual. “Hoje, é possível? Infelizmente, não”, afirmou o ex-ministro francês.
O ACORDO DE PARIS
O Acordo de Paris foi assinado em 12 de dezembro de 2015, durante a COP21, na França. É um dos maiores tratados climáticos globais da história, unindo quase todos os países em torno da meta de manter o aquecimento global bem abaixo de 2 °C em relação aos níveis pré-industriais, com esforços para limitá-lo a 1,5 °C.
Atualmente, 195 países e a União Europeia fazem parte. O tratado estabelece que cada país deve definir suas próprias metas de redução de emissões, conhecidas como NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas). A cada 5 anos, essas metas devem ser revistas e se tornar mais ambiciosas.
O acordo substituiu o antigo Protocolo de Kyoto e introduziu uma lógica mais inclusiva. As conferências da ONU sobre clima são o principal espaço de acompanhamento e cobrança desses compromissos.
Além da meta de limitar o aquecimento global, o Acordo de Paris estabelece 3 objetivos centrais:
- Mitigação – reduzir as emissões de gases do efeito estufa para estabilizar o clima;
- Adaptação – fortalecer a capacidade dos países de lidar com os impactos das mudanças climáticas;
- Financiamento climático – assegurar apoio financeiro e tecnológico a países em desenvolvimento para implementar ações sustentáveis.
Cúpula de Líderes
A Cúpula de Líderes (formalmente chamada de Cúpula do Clima de Belém) é uma inovação no universo das COPs. Realizada em 6 e 7 de novembro como encontro preparatório de alto nível, tem participação de mais de 40 chefes de Estado e representantes de cerca de 140 países. Leia nesta reportagem a lista de autoridades confirmadas no evento.
Organizado pela Presidência brasileira, o encontro tem caráter político e não deliberativo. O objetivo é orientar o debate e preparar o terreno para as negociações oficiais que serão feitas na COP. Lula afirmou que o objetivo é enfrentar as divergências e que as palavras dos líderes serão a bússola da jornada a ser percorrida pelas delegações nas próximas duas semanas.
Nesta 6ª feira (7.nov), logo depois a foto oficial, os trabalhos começaram com uma sessão plenária sobre mudanças climáticas. Depois, Lula abriu uma mesa sobre transição energética e defendeu a criação de um fundo com o dinheiro do petróleo para financiar essa mudança.
Os compromissos de Lula incluíram ainda encontros bilaterais. Lula se reuniu com o primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz; com Daniel Chapo, presidente de Moçambique; e com o primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro.
Em encontro com líderes da Comissão Mining 2030, governo destacou iniciativas recentes para “destravar projetos de mineração”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, nesta 5ª feira (30.out.2025), de reunião com lideranças da Comissão Global de Investidores Mining 2030, no Palácio Itamaraty, em Brasília. O encontro tratou de investimentos e práticas sustentáveis no setor de mineração, incluindo minerais críticos.
O tema central da reunião no Itamaraty foi o futuro do setor, com ênfase em projetos de energia limpa e investimentos sustentáveis. O debate chegou em terras raras –tema caro aos Estados Unidos.
As iniciativas recentes do governo no setor incluem o Conselho Especial de Minerais Críticos e Estratégicos vinculado à Presidência da República, para debater a exploração de cobre, lítio, níquel, manganês e grafita no país.
“Nosso objetivo é destravar projetos de mineração responsáveis e promover competitividade, agregando valor à produção nacional com base em responsabilidade social e ambiental”, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), no encontro.
A iniciativa está alinhada à Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos, que regulamenta os minerais críticos e estratégicos. O governo busca apoio no Congresso para sua aprovação.
O encontro desta 5ª feira (30.out.2025) foi conduzido por Adam Matthews, presidente da Comissão Global de Investidores em Mineração 2030. A iniciativa reúne fundos internacionais que buscam ampliar a transparência e reduzir impactos ambientais do setor.
Entre os participantes estavam:
- Fernando Haddad (PT), ministro da Fazenda;
- Geraldo Alckmin (PSB), Vice-Presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços;
- Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores;
- Alexandre Silveira (PSD), ministro de Minas e Energia;
- Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação;
- Sidônio Palmeira, ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República;
- Tarciana Medeiros, presidente do BB (Banco do Brasil);
- Aloizio Mercadante, presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social);
- Ricardo Capelli, presidente da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial).
A lista completa inclui ainda representantes de fundos de pensão da Noruega e Suécia, do ING Bank, da Igreja da Inglaterra, da Bolsa de Valores de Londres e do Instituto Global de Gestão de Rejeitos.
SEM CLIMA
Segundo interlocutores do Planalto, o clima no entorno do presidente foi de discrição. Lula tem evitado discursos depois da operação policial no Complexo da Penha, no Rio de Janeiro. A reunião foi fechada à imprensa e terminou sem declarações ao final.
Com 121 mortes confirmadas pelo governo estadual, sendo 4 policiais e 117 civis, a ação policial se tornou a mais letal da história do país, superando o Massacre do Carandiru, em 1992, em São Paulo, no qual foram mortos 111 detentos.
Na véspera, o presidente usou o X para lamentar as mortes e defender uma “ação coordenada entre os governos federal e estadual”. Na posse de Guilherme Boulos (Psol) como ministro da Secretaria Geral da Presidência realizada na 4ª feira (29.out), Lula vestiu preto e acompanhou 1 minuto de silêncio em homenagem às vítimas.
Sócio de ministro da Secom recebeu R$ 12 mi de estatais no governo Lula
Lidiane 28 de outubro de 2025
Macaco Gordo, produtora de parceiro comercial de Sidônio Palmeira, foi contratada para campanhas da Caixa e da Embratur desde 2024
A produtora Macaco Gordo, do empresário baiano Francisco Kertész, 44 anos, conhecido como Chico Kertész, recebeu R$ 12 milhões em contratos de publicidade da Caixa Econômica Federal e da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) nos últimos 2 anos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Kertész é sócio do ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), Sidônio Palmeira, na agência Nordx –antiga M4 Comunicação e Propaganda. As informações são do Estadão.
A M4 foi criada em 2022 para coordenar parte da campanha presidencial de Lula. No ano seguinte, a empresa passou a se chamar Nordx, e continuou prestando serviços ao diretório nacional do PT. Desde que Palmeira assumiu o comando da Secom, em janeiro de 2025, Kertész esteve 13 vezes no Planalto, entre janeiro e junho, para reuniões com o ministro. O empresário afirmou que os encontros tiveram “caráter pessoal” e que “jamais trataram das atividades da Macaco Gordo”.
Segundo o Estadão, os R$ 12 milhões pagos à produtora correspondem a campanhas publicitárias da Caixa e da Embratur entre 2024 e 2025. Apenas neste ano, a Caixa destinou R$ 4,3 milhões à produtora —o equivalente a cerca de 20% de todo o valor pago pelo banco a produtoras de vídeo.
Uma das campanhas, sobre renegociação de dívidas, teve aditamento contratual de R$ 687 mil com dispensa de pesquisa de preços. A Caixa afirmou, em nota, que todas as contratações seguiram as normas legais e que a produtora foi escolhida por oferecer o menor preço em cotações realizadas pelas agências Binder, Calia e Propeg, responsáveis pela publicidade do banco.
A Embratur, por sua vez, declarou que a escolha de produtoras é feita pelas agências contratadas mediante chamadas públicas, sem interferência de órgãos federais. Entre os projetos realizados pela Macaco Gordo estão a campanha de afroturismo da Embratur, filmada em Salvador, Manaus, Rio de Janeiro, Fernando de Noronha e Recife, e campanhas da Caixa como “Quina de São João”, “Poupançudos” e “Mega da Virada”.
Ao ser questionado por meio da Secom, Sidônio declarou que “jamais” interferiu ou indicou a contratação da produtora Macaco Gordo em campanhas publicitárias do governo. Ele não respondeu, contudo, sobre as visitas de seu sócio, Chico Kertész, ao Planalto.
Na nota, a Secom disse que “jamais indicou ou endossou a escolha, pelas agências que prestam serviço à Embratur, à Caixa ou a qualquer outro órgão federal, de qualquer um dos fornecedores que tenham sido escolhidos”.
Sidônio Palmeira e Chico Kertész mantêm relação comercial há mais de uma década. A Macaco Gordo já prestou serviços à Leiaute, agência fundada por Sidônio, em campanhas do governo da Bahia. Esses contratos foram alvo de suspeitas de direcionamento levantadas pelo Tribunal de Contas do Estado, mas a empresa firmou acordo para encerrar o processo e adotou medidas de controle interno.
Chico Kertész é filho de Mário Kertész, 81 anos, um conhecido empresário e radialista baiano. Mário foi prefeito de Salvador duas vezes (1979-1981 e 1986-1988). Esteve filiado a vários partidos, entre outros a Arena (que deu sustentação à ditadura militar de 1964) e ao MDB (que fazia oposição consentida ao regime militar). Hoje está fora da política. É o dono da Rádio Metrópole, uma das mais influentes de Salvador (BA). Já entrevistou o presidente Lula 3 vezes no atual mandato do petista.
Leia a íntegra da nota enviada pela Caixa para o Estadão:
“A Caixa esclarece que as contratações de serviços de produção publicitária realizadas pelas agências Propeg, Calia e Binder, no âmbito dos contratos vigentes com o banco, seguem os critérios estabelecidos pela legislação e pelas normas internas da instituição.
“A escolha da produtora Macaco Gordo para a produção de filmes publicitários ocorreu por meio de processo de cotação conduzido pelas agências de publicidade licitadas, conforme previsto contratualmente.
“A produtora foi selecionada por apresentar a proposta de menor preço entre, no mínimo, três orçamentos coletados no mercado. Desde janeiro de 2023, a Caixa trabalhou com 41 produtoras de vídeo.
“A Caixa aprovou os orçamentos apresentados pelas agências e autorizou a produção das campanhas por representarem a proposta de menor custo, em conformidade com os ritos legais e contratuais vigentes”.
Presidente voltou a dizer que trocou telefones com o republicano e falou em “importuná-lo” nesta semana
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta 2ª feira (27.out.2025) que “está estabelecida” a relação do Brasil com os Estados Unidos, depois da reunião na Malásia entre ele e o presidente norte-americano, Donald Trump (Partido Republicano), no domingo (26.out).
“Quem imaginava que não ia ter, perdeu. Vai ter e vai ser uma relação positiva para o Brasil e para os EUA”, declarou em entrevista a jornalistas em Kuala Lumpur (Malásia).
Assista (58min20s):
Lula se disse “muito otimista” depois do encontro e afirmou acreditar que os 2 países “logo” encontrarão uma solução para o tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros importados pelos EUA.
“Eu não estou reivindicando nada que não seja justo para o Brasil e tenho do meu lado a verdade mais verdadeira e absoluta do mundo: os EUA não têm deficit comercial com o Brasil”, declarou o petista.
Segundo Lula, ele e Trump trocaram números de telefone. Como o petista não tem celular, deu o contato de Fernando Igreja, embaixador e chefe do cerimonial da Presidência. “A depender do resultado [das negociações] dessa semana, eu já vou importuná-lo [Trump] com um telefonema direto”, afirmou.
Ele também relembrou sua relação com o ex-presidente norte-americano George W. Bush, também do Partido Republicano, dizendo que foi “a melhor” que teve com um líder do país. Os mandatos de Lula também coincidiram com parte dos de Barack Obama e Joe Biden, ambos do Partido Democrata.
“A mesma coisa vai acontecer com o Trump. […] Eu acho que rolou muita sinceridade na nossa relação. Eu não tenho nenhum problema em dizer que é bem possível que vocês fiquem bastante surpresos com a afinidade da relação”, declarou.
Apesar de elogiar o resultado da reunião e de reafirmar a “química” entre ele e Trump, Lula disse ter conversado com o norte-americano não de forma pessoal, mas como presidente do Brasil. “Gostemos ou não gostemos um do outro, nós temos que assumir a nossa responsabilidade de chefes de Estado”, afirmou.
Também disse que ambos se dispuseram a estabelecer um canal de diálogo, “apesar das diferenças ideológicas”, e que eles se respeitam por terem sido democraticamente eleitos pelas populações de seus países.
Segundo Lula, ele e Trump devem manter uma relação harmônica em nome dos mais de 200 anos de diplomacia entre os 2 países e por Brasil e EUA serem “as duas maiores democracias do Ocidente”.
Leia mais sobre o encontro Lula-Trump:









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