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12 de março de 2025
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Fabio Giambiagi afirma que o governo contrariou o “ciclo político” ao expandir despesas e terá que reduzi-las em 2026

O economista Fabio Giambiagi, 62 anos, disse que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exagerou nas despesas nos 2 anos iniciais de seu mandato.

O governo claramente tem uma restrição política definida pelo próprio presidente da República e pelo partido do governo que manifesta uma enorme resistência a conter a trajetória do gasto público”, disse Giambiagi.

Assista (1h7min5s):

O economista disse que o excesso de gastos obrigará o governo a segurar as contas em 2026, quando haverá eleição para deputados, senadores, governadores e presidente. Isso contrasta, ele disse, com o que Lula fez em seu 1º mandato, de 2003 a 2006.

“Em 2003, o governo fez uma ação clássica dentro de um ciclo político tradicional. Segura-se o gasto no começo e gasta-se mais à medida em que se aproxima das eleições. Aconteceu exatamente o contrário recentemente. No 1º ano, o governo gastou o que tinha e o que não tinha. Vai ser obrigado a conter o gasto à medida em que se aproximar das eleições”, afirmou. Avalia que será necessário congelar alguns gastos, o que significará corte em termos reais, descontando-se a inflação. Isso poderá resultar em conflitos do governo com o PT.

Giambiagi disse que o arcabouço fiscal, regra constitucional que limita os gastos públicos aprovada em 2023, exigirá muito tempo para reduzir as despesas: “Com uma regra partindo de uma situação fiscal péssima, como a do Brasil em 2023, vai demorar um tempão para ajustar. A situação inicial faz uma enorme diferença”.

Ele criticou 2 itens da regra fiscal:

  • aumento anual das despesas da saúde pela variação da receita;
  • aumentos reais anuais do salário mínimo.

Para Giambiagi, houve erro de avaliação do governo ao deixar de resistir às pressões na tramitação da PEC (proposta de emenda à Constituição) do arcabouço fiscal.


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SALÁRIO MÍNIMO

Sobre o valor do salário mínimo, o economista contestou avaliação de que seja um tema de alto impacto eleitoral. “[Jair] Bolsonaro não aumentou um centavo do salário mínimo em termos reais de 2019 a 2022, e, mesmo com todos os problemas de seu governo, teve 49% dos votos [em 2022]. Então ninguém vai me convencer de que é impossível ter um bom desempenho eleitoral sem aumentar o salário mínimo em termos reais”, disse.

Giambiagi disse que será necessária uma nova reforma da Previdência. O limite para isso, afirmou, é o início da próxima década. “Sem dúvida, é preciso [nova reforma]. Os primeiros anos de governo têm circunstâncias mais favoráveis para isso. Se não for viável em 2027, em 2031, [a reforma] se tornará inexorável. A de 2019, postergou a aposentadoria de um monte de gente. A partir de 2027, esse efeito se esgotará, com crescimento significativo das aposentadorias”, afirmou ao jornal digital.

PIB

O economista avaliou que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) tem sido surpreendentemente alto desde 2021. Mas ressalvou que isso não se deve a uma mudança estrutural: “A crise de 2020 gerou ociosidade enorme. O Brasil nos últimos tempos cresceu ocupando capacidade ociosa”.

PRODUTIVIDADE

Ampliar o crescimento do país de forma sustentável, disse Giambiagi, exigirá aumento de produtividade. É algo que, segundo o economista, depende de uma mudança cultural no país.

“[A baixa produtividade] decorre da ausência de um papel pedagógico dos governos de mostrar as vantagens da competição. Qualquer criança que acompanha o futebol entende que um bom jogador de um time de ponta no Campeonato Brasileiro vai se beneficiar se disputar campeonatos seguintes nos times europeus”.

NOVO LIVRO

O novo livro de Giambiagi, “A Vingança de Tocqueville”, deverá chegar a livrarias a partir de 24 de fevereiro de 2024. A obra é sobre a história econômica e política do Brasil a partir de 1945, depois da 2ª Guerra Mundial. Inclui avaliações sobre os desafios para acelerar o desenvolvimento econômico do país.

Giambiagi é filho de argentinos. Nasceu no Rio de Janeiro e passou parte da infância e da adolescência em Buenos Aires. Depois voltou a morar no Brasil. Tem graduação e mestrado em economia na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). É funcionário do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) desde 1984. É também pesquisador associado do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).



Autor Poder360 ·


Ivo Chermont, da Quantitas, afirma que as exceções de gastos fazem com que a meta fiscal tenha pouca credibilidade

O fato de o governo cumprir a regra fiscal conta pouco na avaliação de analistas de mercado porque a dívida pública está subindo, disse o economista-chefe da gestora de investimentos Quantitas, Ivo Chermont, 44 anos.

As exceções à meta fiscal, como os gastos com catástrofes, reduzem sua credibilidade. “O mercado está muito mais interessado na sustentabilidade da dívida do que se vai cumprir ou não a meta”, afirmou Chermont.

Assista à entrevista (30min20s):

Chermont avalia que há risco de a baixa popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) resultar em aumento de gastos públicos.

A tendência de redução da atividade econômica eleva as chances de o governo elevar gastos, disse Chermont. “Uma grande dúvida é como o governo vai reagir à eventual desaceleração que o Brasil deve enfrentar a partir do 2º trimestre”, afirmou.

Abaixo, trechos da entrevista:

  • Selic – “[Sobre a] decisão da taxa de juros em si, acho que não tinha ansiedade do mercado. Em dezembro, eles [BC] deram o guidance tanto para a decisão de agora quanto para março. Para fugir disso [alta de 1 ponto percentual], só se algo saísse muito do normal”;
  • comunicação – “Foi mais dovish [fraca] do que eu imaginava. Dado o estado atual de credibilidade da política econômica pelo mercado, não era a hora de o BC baixar a guarda. [Poderia] puxar a expectativa, quebrar a espinha, quebrar as expectativas que estão se descolando da meta [de inflação] de novo. [O BC] deixou o leque muito aberto. Uma coisa é dizer que não sabe quanto vai subir [a Selic] em maio. Outra coisa é dizer que não sabe o que vai fazer”;
  • expectativa para a Selic – “A gente na Quantitas tem projeção de Selic a 16% ao ano para o ciclo que acaba em julho. Fica parado por um bom tempo. A maior parte das pessoas está entre 15% e 16%. [Mas] as projeções agora têm viés de baixa”;
  • consequências – “Provavelmente [a comunicação do BC] vai fazer com que a expectativa do Focus continue andando. Os inputs que ele [BC] coloca no modelo podem piorar de tal forma que ele pode ter que dar mais [no patamar da Selic], não menos. Estou bem cauteloso em recuar na expectativa de alta, porque acho que as coisas podem piorar”;
  • alternativa – “Um comunicado hawkish, mais duro, aumentaria a chance de ter controle maior. Uma das variáveis mais importantes para o modelo [que o BC usa] é a expectativa de inflação do mercado. O BC mais hawkish em dezembro ajudou”;
  •  efeito das contas públicas – “O fiscal pode contribuir para a inflação principalmente pela falta de credibilidade da política fiscal, como é o caso hoje. Acaba-se tendo movimentos da moeda muito agressivos, como a gente viu no final do ano passado. Tem também a percepção por parte do mercado de que o fiscal continuará a estimular a economia. [Isso] faz com que o mercado tenha projeções de inflação cada vez mais altas, a despeito de uma Selic também [subir]. Tem o próprio canal da demanda agregada: o fiscal expansionista, como a gente viu nos últimos 2 anos, estimulando a economia”;
  • avaliação do mercado – “Algo que evoluiu desde que entrei no mercado em 2006 é a difusão de informação. Hoje é tudo mais homogêneo. O governo tem um diagnóstico de que é injustiçado. Continua batendo na tecla que vai cumprir o arcabouço fiscal. Só que quando se faz conta, há o aumento de endividamento. Não é compatível com o discurso. Não acho que seja injustiçado”;
  • dominância fiscal – “Não é uma questão de 8 ou 80. É um processo contínuo de deterioração das contas públicas. Em algum momento, subir os juros passa a ser contraproducente porque atrapalha a sustentabilidade da dívida. A gente vai aos poucos caminhando para lá. O BC ainda tem trabalho a fazer para controlar expectativas. Não está de mãos amarradas. Ainda não”;
  • benefícios de ajuste – “Contas públicas organizadas permitem trabalhar com nível de juros mais baixo. Isso estimula investimento privado e  inovação. As pessoas ficam mais produtivas, os salários melhoram e tudo anda bem mais facilmente”.



Autor Poder360 ·