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7 de junho de 2025
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Estudo do Todos pela Educação e do Iede mostra que a diferença entre a porcentagem de estudantes com ensino adequado de português e matemática nos 2 grupos aumentou de 2013 a 2023

A desigualdade na aprendizagem entre estudantes brancos e amarelos e negros e indígenas no Brasil cresceu em 10 anos. Um estudo do Todos Pela Educação e do Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), divulgado nesta 2ª feira (28.abr.2025), mostra que a diferença percentual entre os alunos considerados com ensino adequado para a etapa educacional dos 2 grupos se aprofundou de 2013 a 2023. 

Os dados consideram o desempenho de alunos de 5º e 9º anos do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio, matriculados na rede pública, para as disciplinas de língua portuguesa e matemática. O levantamento tem como base os resultados do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica). Eis a íntegra (PDF – 9 MB).

Apesar do aumento na desigualdade, ambos os grupos registraram alta nos percentuais gerais de estudantes com ensino considerado adequado no 5º e 9º anos do ensino fundamental e em português no 3º ano do ensino médio. Só em matemática, no 3º ano do ensino médio, houve um leve recuo dessa taxa. 

A defasagem entre os estudantes brancos e negros com ensino considerado adequado é mais acentuada entre os que cursam o 9º ano do ensino fundamental:

  • língua portuguesa – em 2013, 30,7% dos estudantes brancos e amarelos alcançaram o nível adequado em língua portuguesa, enquanto entre estudantes pretos, pardos e indígenas o resultado foi de 21,1% –uma diferença de 9,6 pontos percentuais. Em 2023, os resultados subiram para 45,6% e 31,5%, respectivamente, e a diferença saltou para 14,1 pontos percentuais.
  • matemática – em 2013, 15,7% dos estudantes brancos e amarelos alcançaram o nível adequado em matemática, enquanto entre estudantes pretos, pardos e indígenas o resultado foi de 9,5% –uma diferença de 6,2 pontos percentuais. Em 2023, os resultados subiram para 22,3% e 13,7%, respectivamente, e a diferença saltou para 8,6 pontos percentuais.

No 5º ano do ensino fundamental, a diferença entre os grupos foi de 7,9 pontos percentuais para 8,2 pontos percentuais em língua portuguesa; e de 8,6 pontos percentuais para 9,5 pontos percentuais em matemática.

Já no 3º ano do ensino médio, os resultados para o aprendizado de português repetem o padrão registrado nas outras fases da educação básica. Houve um aumento no percentual de estudantes com ensino adequado e um aprofundamento da desigualdade. 

No ensino de matemática, porém, houve um leve recuo na desigualdade entre os 2 grupos raciais de 4,4 pontos percentuais para 3,9 pontos percentuais. Há ainda que se considerar que nesse estrato também houve um recuo no percentual de estudantes com nível de aprendizado considerado adequado.

O diretor de Políticas Públicas do Todos Pela Educação, Gabriel Corrêa, avalia que o cenário ainda é “bastante crítico” para a educação básica. Segundo ele, “o olhar para a equidade é central. É inadmissível que o país não tenha conseguido, em uma década, reduzir as enormes diferenças de aprendizagem entre estudantes de diferentes grupos raciais e socioeconômicos”.

NÍVEL DE APRENDIZAGEM POR ESTADO

O estudo também fez recortes dos resultados de aprendizagem por Estado. As unidades da Federação que registraram os maiores percentuais de estudantes com aprendizagem considerada adequada para os níveis avaliados em 2023 foram Paraná (5º ano do ensino fundamental), Ceará (9º ano do ensino fundamental) e Espírito Santo (3º ano do ensino médio).

Apesar disso, na comparação com 2019, os Estados que mais evoluíram, isto é, conseguiram aumentar os percentuais de estudantes com nível adequado de aprendizado foram Alagoas (5º e 9º anos do ensino fundamental) e Amapá (3º ano do ensino médio).

Na outra ponta, os Estados que tinham as maiores taxas de estudantes com desempenho abaixo do básico em 2023 eram:

  • português – Sergipe (5º ano do ensino fundamental), Roraima (9º ano do ensino fundamental) e Maranhão (3º ano do ensino médio);
  • matemática – Pará (5º ano do ensino fundamental), Roraima (9º ano do ensino fundamental) e Maranhão (3º ano do ensino médio).



Autor Poder360 ·


Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que apesar de terem maiores níveis de instrução educacional e frequência escolar, as mulheres ainda precisam lidar com diversas desigualdades, como salários mais baixos e pouca representatividade em cargos de liderança.

As diferenças se acentuam ainda mais quando algumas especificidades são postas no debate, como a área de conhecimento ou o fator racial. Segundo o levantamento, a proporção de mulheres brancas que completaram o ensino superior é de 29,0%, o dobro do observado entre as pretas ou pardas, de 14,7%.

Entre todos os grupos pesquisados, os homens pretos ou pardos foram os que apresentaram o menor percentual, 10,3%, menos da metade do registrado pelos homens brancos, com 24,9%. De acordo com Juara Castro da Conceição, doutora em comunicação e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), essa disparidade pode ser atribuída a uma formação social e pedagógica estruturada a partir do racismo.

“Nós temos três bases para pensar a formação social brasileira: gênero, raça e classe, a famosa teoria da interseccionalidade. Então, é preciso entender que existe uma diferença muito maior quando se traz raça como um fator determinante, entre homens brancos e homens negros ou entre mulheres brancas e mulheres negras”, ponderou.

“É justamente entender que a formação social brasileira se dá a partir de violência racial, a partir do racismo, e isso estrutura todas as nossas relações, obviamente atravessa o mercado de trabalho e também a educação, a possibilidade de formação educacional e de entrada no mundo do trabalho a partir da educação”, completou a pesquisadora.

Juara destaca que, nos últimos anos, o conceito de racismo estrutural, juntamente com estudos do ministro dos Direitos Humanos e Cidadania Sílvio de Almeida, passou a ser mais discutido, visando entender que as nossas relações sociais são estruturadas a partir do racismo. Porém, este fato não isenta pessoas que cometeram racismo de serem punidas.

“Pensando principalmente no mercado de trabalho, sobretudo no corpo docente das universidades brasileiras, falamos em racismo institucional. Então, será que essas universidades estão respeitando a lei de cotas? Como é que homens negros e mulheres negras vivenciam aquele espaço pedagógico? Como professores, técnicos administrativos, toda a estrutura da universidade acolhe esses corpos negros dentro desse ambiente?”, pontuou.

Sobre a baixa presença feminina no corpo docente de universidades públicas, a comunicadora ressalta a importância de especificar as áreas de conhecimento, assim como os níveis de liderança. Por exemplo, apesar das áreas de educação e ciências humanas, por exemplo, há uma presença maior de mulheres, comparado às engenharias, biológicas ou exatas.

De acordo com o Censo da Educação Superior de 2022, pessoas do sexo feminino representavam 60,3% do total de concluintes dos cursos presenciais de graduação, mas representavam apenas 22,0% dos que estavam se formando nos de ciências, tecnologias, engenharias, matemática e programas interdisciplinares abrangendo essas áreas (CTEM).

Apesar da proporção ter diminuído nos últimos 10 anos (em 2012, estava em 23,2%), Juara ressalta que os dados acabam não refletindo as “visualidades” das universidades públicas. “Quais mulheres de fato se tornam referências de pesquisa? Quais pesquisadoras são citadas, que se tornam renomadas? Sobretudo porque dentro da universidade nós temos cargos de gestão, pró-reitorias, diretorias de unidade e essa visualidade ainda não é preenchida por mulheres, sobretudo mulheres negras”, afirmou.

Economia do cuidado

Atrelada às barreiras institucionais que envolvem a formação continuada e o mercado de trabalho, a chamada economia do cuidado envolve atividade e serviços pessoais e domésticos, sem remuneração, pautados especialmente na sobrecarga feminina. Para Juara, destacando a existência de casos específicos, esse é um fator que desgasta especialmente a saúde mental das mulheres.

“A pesquisa para homens acaba sendo uma esteira de continuidade. Então, a partir do momento que um homem entra na vida acadêmica, essa escolha é muito fluida, ele faz graduação, entra no mestrado, doutorado e tudo isso, obviamente, apoiado por um trabalho invisibilizado de mulheres. Quem lava a roupa daquele homem para ele conseguir fazer o seu artigo, publicar em uma revista? Quem faz a comida, quem faz as compras da casa, quem é apoio emocional?”, destacou.

“Então, aquele homem, ele tem a sua pelada de final de semana, ele tem o momento da cervejinha e isso não acontece quando nós falamos de mulheres, isso se torna ainda mais difícil, ainda mais quando falamos de mulheres negras, a quem esse lugar do cuidado é historicamente delegado”, continua.

Segundo ela, os moldes da universidade brasileira hoje são favoráveis aos que não possuem atividades extras e possuem o privilégio de se dedicar exclusivamente a vida acadêmica, acessando bolsas, editais e publicações relevantes. “Tudo isso não é pensado para pessoas que têm uma dinâmica de cuidado e gestão doméstica e hoje nós vemos que fazer um trabalho docente e acadêmico, exclusivamente, tem sido atrelado a homens, porque a eles não é delegada essa economia do cuidado”, ressaltou.

“Homens, na maioria das vezes, não cuidam da sua própria casa. Só que não é que aquela casa está sendo cuidada por uma outra pessoa e, provavelmente, por uma mulher que não é remunerada devidamente”, concluiu Juara.



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