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21 de setembro de 2024
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Marcilane da Silva Espíndola, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

“Fiz uma harmonização corporal nos seios e assim que saí de lá comecei a sentir dores e elas só foram aumentando. Eram dores muitos fortes, inexplicáveis, tão fortes que cheguei a ficar internada por 30 dias. Tive infecção generalizada e depois disso precisei continuar o tratamento em casa com antibióticos”, conta ela.

Ela contou que fez o procedimento em julho de 2023 com a garantia de que a enfermeira usava ácido hialurônico, mas, na verdade, segundo ela, após o resultado de uma biópsia em outubro do ano passado, feita pelo Hospital das Clínicas de Goiânia, ela descobriu que havia PMMA nos seios dela.

“Nada melhorava minha infecção e para cessá-la, os médicos optaram por fazer a mastectomia para retirada das mamas. O produto PMMA foi para o pulmão, minha saturação ficou muito baixa e eu precisei de oxigênio”, conta Moema.

O g1 pediu um posicionamento da defesa de Marcilane sobre o uso do PMMA, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. Sobre a prisão, o advogado afirmou que ela não foi ouvida sobre o “suposto fato novo”. Segundo a delegada do caso, a enfermeira ficou em silêncio no interrogatório.

Conforme Moema, a enfermeira garantiu que o procedimento era simples. Além disso, ela contou que Marcilane Espíndola disse a ela que, no dia posterior ao procedimento, ela poderia até mesmo ir trabalhar normalmente.

Moema contou que está na fila à espera da cirurgia de reconstrução das mamas. “Conhecia a Marcilane há cerca de 5 anos, ela tinha uma casa de bronzeamento e no Instagram ela sempre postava os procedimentos e entrei contato com interesse de fazer. Nunca imaginava que ia passar por isso. Até hoje sinto dores no corpo e meu psicológico está abalado”, contou ela.

A delegada afirmou que as vítimas acreditavam que a enfermeira usava ácido hialurônico para realizar os procedimentos. “O ácido é uma substância reversível e segura”, explicou. Porém, a investigação apontou que Marcilane usou polimetilmetacrilato (PMMA) sem autorização das pacientes.

“Tudo indica que, na verdade, a indiciada usava PMMA. Todas as nove vítimas tiveram essa substância aplicada no corpo e nós juntamos documentos que comprovam o indicativo de PMMA”, afirmou.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) diz que o PMMA é um componente plástico com diversas utilizações na área de saúde, mas que é de uso restrito e risco máximo, pois sua composição pode causar reações inflamatórias, eventuais deformidades e necrose dos tecidos onde foi aplicado.

No site da Anvisa, o órgão esclarece que a aplicação do PMMA é recomendada somente para corrigir pequenas deformidades do corpo após tratamentos de AIDS ou de poliomielite. E que, mesmo nesses casos autorizados, precisa ser feita por médicos treinados e com a quantidade mínima permitida.

Polícia Civil (PC) cumpriu mandados de busca e apreensão contra a enfermeira, Goiás — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Marcilane Espíndola começou a ser investigada no final do mês de julho de 2023 após três pacientes ficarem com os rostos deformados depois de realizarem procedimentos em uma clínica de estética. A Polícia Civil (PC) deflagrou a Operação Salus para investigar o caso e os policiais cumpriram mandados de busca e apreensão na clínica de estética da enfermeira.

Após as investigações iniciais, a polícia representou pela concessão de medidas cautelares que resultaram no cumprimento de buscas, bloqueio de bens e valores da enfermeira e a suspensão do exercício de atividades. Segundo a polícia, ao todo, os nove inquéritos policiais em que a enfermeira foi indiciada totalizaram 1.467 páginas, com elementos como termos de declaração, depoimentos de testemunhas, perícias da Polícia Técnico Científica e outros.

Marcilane é enfermeira, mas nas redes sociais afirmava ser pós-graduada em dermatologia estética, dando a entender que possuía qualificação para atuar no ramo. Na internet, ela anunciava procedimentos como: preenchimento labial, no nariz, lipo de papada, bronzeamento e até cursos ensinando as técnicas. Mas, em depoimento à polícia, ela admitiu que não concluiu o curso.

Quando as investigações iniciaram, o Conselho Regional de Enfermagem de Goiás (Coren-GO) informou ao g1 que instaurou um Processo Ético Disciplinar para apuração da conduta da profissional. Com o indiciamento, a reportagem solicitou um novo posicionamento ao conselho por e-mail, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Nota da defesa de Marcilane Espíndola na íntegra:

“A defesa de Marcilane Espíndola ressalta que a prisão outrora deferida e cumprida na data de 11/07, já foi substituída por prisão domiciliar no mesmo dia 11. Em relação a busca e apreensão, nada de ilícito foi encontrado. Infelizmente, mesmo com diversas tentativas, inclusive através de pedidos judiciais (habeas corpus preventivo), a investigada não foi ouvida antes do pedido desmesurado da prisão, acerca do suposto fato novo, impedindo a investigada de contrapor eventual acusação, o que viola, inclusive, o disposto no art. 6º, inciso v, CPP.

A defesa aguarda acesso ao processo em que houve o deferimento da medida extrema, para se posicionar sobre a matéria fática. Registra-se, novamente, que a investigada esteve, está, e sempre estará à disposição para qualquer esclarecimento necessário.”

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