19 de novembro de 2025
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  • 09:43 Parlamento inaugura exposição sobre cultura e espiritualidade afro-brasileiras
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Relatório bipartidário diz que Pequim distorce preços, controla refino e amplia influência sobre cadeias estratégicas

A Comissão Especial da Câmara dos EUA sobre Competição Estratégica com o Partido Comunista Chinês divulgou na 4ª feira (12.nov.2025) um relatório preliminar que acusa o país asiático de manipular preços de minerais críticos de forma sistemática e prolongada. O documento, apresentado de maneira bipartidária, descreve o que chama de estratégia coordenada do governo chinês para dominar cadeias produtivas de insumos como terras raras, lítio, grafite e carvão, usados em setores industriais, de energia e de defesa.

Segundo o relatório, o Partido Comunista Chinês enxerga minerais críticos como um instrumento geopolítico. O texto afirma que o governo chinês combina subsídios extensos, regulação direta de preços, controle sobre índices de referência e domínio da etapa de refino para moldar o mercado global de acordo com seus interesses. Para os congressistas, essa atuação teria reduzido a capacidade dos EUA de manter cadeias de suprimentos industriais e militares seguras. Leia a íntegra do documento, em inglês (PDF – 1,8 MB).

O documento afirma que empresas chinesas receberam apoio financeiro estatal estimado em dezenas de bilhões de dólares, permitindo a compra de minas e projetos de exploração em diferentes continentes. O relatório também apresenta leis e regulações internas que, segundo a comissão, fortalecem a intervenção estatal, como a legislação de preços de 1998 e a norma de 2024 sobre índices de commodities, que amplia a capacidade do governo de supervisionar e intervir na formação de preços.

Outro ponto mencionado é o avanço da China em estruturas de mercado que influenciam preços globalmente. O relatório cita a aquisição da London Metal Exchange pela Hong Kong Exchanges and Clearing e o incentivo governamental à internacionalização de agências chinesas de preços, como a Shanghai Metals Market. Para o comitê, essas iniciativas aumentam a capacidade da China de influenciar referências usadas por mercados internacionais.

O domínio chinês na etapa de refino é descrito como central. O relatório aponta que empresas do país controlam fatia expressiva da capacidade global de processamento de lítio e que devem responder pela maior parte do refino de terras raras até 2030. Esses insumos, afirma o texto, são essenciais para itens como motores elétricos, turbinas eólicas, eletrônicos e equipamentos militares, incluindo sistemas avançados utilizados pelas Forças Armadas dos EUA.

Em estudo de caso sobre lítio, o relatório lista aquisições de ativos na América Latina, na África e em outros países, afirmando que a China consolidou presença em minas estratégicas. O texto afirma também que autoridades e empresas chinesas atuaram de forma coordenada para reduzir preços quando as cotações subiram, o que teria afetado produtores concorrentes. Outro estudo de caso, sobre carvão, descreve intervenções de autoridades chinesas para controlar preços no mercado doméstico, inclusive com investigações e orientações diretas a empresas.

A comissão norte-americana apresenta 13 recomendações de política pública, como criar um coordenador federal para alinhar programas de minerais críticos, reforçar setores de mineração e reciclagem dentro dos EUA, analisar mecanismos para evitar importações “subavaliadas”, estruturar um estoque estratégico de recursos e ampliar incentivos à fabricação doméstica de ímãs e materiais relacionados.

As conclusões são classificadas como interinas. A comissão afirma que o objetivo da divulgação é alertar autoridades norte-americanas sobre riscos associados à dependência de cadeias de suprimentos influenciadas pelo governo chinês e orientar futuras ações legislativas.

Como mostrou o Poder360, especialistas norte-americanos afirmam que políticas adotadas pelos próprios EUA nas últimas décadas contribuíram para acelerar o domínio da China no mercado global de terras raras. A análise destaca decisões industriais e regulatórias que teriam fragilizado a produção doméstica norte-americana, abrindo espaço para a expansão chinesa na extração, no refino e no processamento desses minerais estratégicos.

A China suspendeu parte das restrições impostas à exportação de determinados minérios para os EUA. A medida se deu depois de Pequim ter endurecido exigências de licença e controle sobre insumos como grafite e materiais usados em baterias. A suspensão parcial foi interpretada como movimento pontual dentro de uma política mais ampla em que o governo chinês ajusta o fluxo de exportações conforme seus objetivos industriais e diplomáticos.

Na 5ª feira (6.nov.2025), o governo do presidente Donald Trump (Partido Republicano), adicionou 10 novos minerais à lista oficial de materiais considerados essenciais para a economia e segurança nacional.



Autor Poder360 ·


Inundações e deslizamentos no norte e sudoeste concentram a maior parte das mortes e prejuízos

As autoridades chinesas registraram 742 mortes e perdas econômicas diretas de 217,7 bilhões de yuans (US$ 29,9 bilhões) por causa de desastres naturais nos 3 primeiros trimestres de 2025. Segundo o governo, inundações e desastres geológicos nas regiões norte e sudoeste foram os que mais provocaram danos.

O total de pessoas afetadas chegou a 55,1 milhões, de acordo com relatório divulgado em 17 de outubro pelo Escritório do Comitê Nacional de Redução e Socorro a Desastres e pelo Ministério de Gerenciamento de Emergências. O impacto geral foi menor que o dos últimos anos, com redução de 45% no número de atingidos em comparação com a média de 5 anos. Mesmo assim, o período de condições climáticas extremas no verão teve consequências devastadoras no norte do país.

Os dados reforçam o padrão de mudança no risco climático: o aumento da frequência e da intensidade das chuvas extremas em áreas do norte da China, historicamente menos preparadas para esse tipo de evento. O fenômeno tem criado novos desafios para o sistema de resposta a desastres e para a resiliência urbana, tema que preocupa autoridades e especialistas em clima.

O período de 16 de julho a 15 de agosto foi o mais destrutivo, concentrando 41% das mortes e 48% das perdas econômicas do acumulado até setembro. As províncias do Norte –incluindo Pequim, Hebei, Shanxi e Mongólia Interior— foram as mais atingidas, respondendo por 33% das mortes e desaparecimentos e por 37% do prejuízo total.

As enchentes e os desastres geológicos foram os mais letais e custosos, responsáveis por 75% das mortes e desaparecidos e por 76% das perdas econômicas. De 23 a 29 de julho, chuvas intensas no norte e nordeste deixaram 144 mortos ou desaparecidos em Pequim e Hebei. Em agosto, novas enchentes em Gansu e na Mongólia Interior causaram outras 73 mortes ou desaparecimentos.

O total nacional também foi influenciado por um terremoto de magnitude 6,8 registrado no início do ano no condado de Dingri, em Xizang, responsável por 17% das mortes e desaparecidos.

O calor extremo e a seca marcaram o período. A temperatura média nacional ficou 0,9 ºC acima do normal, com o 2º maior número de dias de calor intenso desde 1961. A seca atingiu 18,8 milhões de pessoas e causou perdas de 8,2 bilhões de yuans, afetando a agricultura em Guangxi no início do ano e depois as colheitas de outono em Hubei e Jiangxi.

Outros eventos naturais incluíram número acima da média de tufões —com maior impacto em Guangdong— e tempestades de granizo em várias regiões. Em contraste, os danos por geadas e neve foram menores que nos últimos anos, e o número de incêndios florestais permaneceu em nível historicamente baixo, segundo o ministério.


Esta reportagem foi originalmente publicada em inglês pela Caixin Global em 17 de outubro de 2025. Foi traduzida e republicada pelo Poder360 sob acordo mútuo de compartilhamento de conteúdo.



Autor Poder360 ·


Um grupo de 13 empresários goianos participou, entre os dias 10 e 19 de outubro, da Missão Empresarial do Sebrae Goiás à China. A programação incluiu participação na Canton Fair 2025, em Guangzhou, uma das maiores feiras de importação e exportação do mundo, além de visitas técnicas, imersões culturais e uma rodada de negócios com 17 empresas chinesas.

A analista do Sebrae Goiás Lorena Póvoa, responsável pela condução da missão, destacou que o objetivo da iniciativa foi aproximar o empresariado goiano do mercado asiático, promovendo aprendizado, conexões e oportunidades comerciais.

“A missão empresarial teve como propósito fazer a ponte entre o Brasil e a China, oferecendo aos participantes a chance de identificar fornecedores e clientes estratégicos, negociar e fortalecer seus negócios”, explicou Lorena.

Durante os dez dias de imersão, os empresários relataram a importância da experiência. Daniel Guimarães, um dos participantes, elogiou a organização da missão e o suporte técnico oferecido pelo Sebrae.

“A instituição nos deu um suporte incrível desde a saída. Essa segurança fortalece o nosso empreendedorismo. Foi, sem dúvida, a missão mais importante da minha trajetória”, afirmou.

O ponto alto da viagem foi o matchmaking, realizado no dia 14, quando os empreendedores goianos participaram de rodadas de negociações com empresas chinesas de diferentes segmentos. Segundo o grupo, o encontro abriu portas para futuras parcerias e ampliou a visão sobre o comércio internacional.

Além das atividades de negócios, a comitiva realizou visitas a empresas referências na China, como a B&Q Home, rede que combina conceitos de grandes marcas internacionais ao estilo local, e a Kinbo Fashion City, popularmente conhecida como “fake market”, em que a cultura da barganha é parte da experiência comercial. As visitas possibilitaram uma compreensão mais ampla sobre o comportamento do consumidor chinês e as adaptações de mercado.

Outro destaque foi a chamada urban experience, etapa voltada a vivenciar o cotidiano e a cultura chinesa. “Essa imersão ajuda nossos empresários a entenderem o modo de vida local e como isso influencia o consumo, o atendimento e a forma de fazer negócios”, acrescentou Lorena, que apresentou o Sebrae em mandarim durante o matchmaking — gesto que repercutiu na imprensa chinesa.

As missões internacionais promovidas pelo Sebrae Goiás têm se consolidado como instrumentos de inserção competitiva de empreendedores goianos no cenário global. A edição deste ano reforçou o papel da instituição na formação de redes, intercâmbio de conhecimento e fortalecimento da presença goiana no comércio internacional.

Autor Rogério Luiz Abreu


O PIB (Produto Interno Bruto) chinês no consolidado do ano registrou um avanço de 5,2% e totalizou R$ 77,2 trilhões

A economia da China cresceu 4,8% no 3º trimestre de 2025 em relação ao mesmo período de 2024. O PIB (Produto Interno Bruto) chinês no consolidado de ano registrou um crescimento de 5,2% ante os 9 meses do ano passado.

O PIB atingiu 101,5 trilhões de yuans (cerca de R$ 77,2 trilhões). Os dados foram divulgados pelo Departamento Nacional de Estatísticas da China neste domingo (19.out. 2025). Eis a íntegra do documento (PDF – 998 kB, em inglês).

O mercado apontava para um crescimento de 4,8% no 3º trimestre de 2025, abaixo dos 5,2% do trimestre anterior e da meta oficial de 5%. Os preços ao consumidor voltaram a cair em setembro, indicando pressão deflacionária.

Em conversa com jornalistas, um porta-voz do Departamento Nacional de Estatísticas da China definiu o resultado da economia chinesa como “extraordinário”. Declarou que a desaceleração da economia em relação ao 2º trimestre foi resultado da guerra tarifária com os Estados Unidos e a escalada do protecionismo a nível global.

“Internacionalmente, desde o 3º trimestre, o abuso de tarifas por certos países impactou a ordem econômica e comercial global”, disse o porta-voz.

CRESCIMENTO POR SETOR

O relatório destaca que a produção industrial acelerou 6,2% no consolidado do ano. A produção de veículos elétricos, os NEVs (sigla em inglês para New Energy Vehicles), disparou 29,6% no período, enquanto a fabricação de robôs aumentou 29,8%.

O setor de serviços expandiu 5,4%, com destaque para a tecnologia da informação (11,2%) e os serviços empresariais e de leasing (9,2%). As vendas no varejo aumentaram 4,5%, totalizando 36,6 trilhões de yuans (cerca de R$ 27,9 trilhões), com o comércio on-line respondendo por 25% do total.

Confira alguns indicadores econômicos em relação aos 9 meses de 2024:

  • produção agrícola: crescimento de 3,6%
  • investimentos em ativos fixos: queda de 0,5%
  • comércio exterior: expansão de 4%
  • índice de preços ao consumidor: queda de 0,1%
  • taxa de desemprego urbano: média de 5,2%



Autor Poder360 ·


BYD lidera a expansão global; empresa é responsável por quase 40% do total de remessas de saída

As exportações chinesas de veículos de nova energia, os chamados NEVs, aumentaram 89,4% em relação ao ano anterior, para 1,76 milhão de unidades nos primeiros 9 meses de 2025, com a BYD sendo responsável por quase 40% do total.

A BYD, que produz só veículos elétricos, expandiu rapidamente sua presença global. As vendas da empresa no exterior dispararam 130%, para 705 mil unidades no mesmo período, elevando-a da 6ª para a 2ª maior exportadora chinesa de automóveis, de acordo com dados divulgados na 3ª feira (14.out.2025) pela Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis.

O boom dos NEVs impulsionou as exportações totais de veículos da China para 4,95 milhões de unidades no período de janeiro a setembro, um aumento de 14,8% em relação ao ano anterior. Somente em setembro, as montadoras chinesas exportaram 652 mil veículos, alta de 21% na comparação anual, incluindo 222 mil veículos elétricos –quase o dobro do número do ano anterior.

A febre de exportações evidencia um desafio mais amplo: a forte concorrência doméstica e a significativa capacidade ociosa. Com o uso das fábricas na China continental oscilando ligeiramente acima de 50% –muito abaixo da média global de mais de 70%–, as montadoras têm recorrido cada vez mais aos mercados externos para aliviar o excesso de capacidade interna. No entanto, com o aumento das tensões comerciais, muitas estão se voltando para a produção no exterior para garantir um crescimento sustentável. 

Enquanto a BYD dominou as exportações de NEVs, a Chery manteve sua posição como a maior exportadora de automóveis da China em todas as categorias de veículos. Exportou 936 mil veículos nos primeiros 9 meses, um aumento de 12,9%, representando 18,9% do total das exportações de carros da China. 

Em setembro, a Chery exportou 141 mil veículos. A SAIC Motor Corp. Ltd. ficou em 2º lugar com 91.000 unidades, seguida pela BYD com 71.000. 

À medida que as montadoras chinesas se expandem globalmente, Pequim está tomando medidas para conter a concorrência descoordenada que pode prejudicar a reputação do setor. Um executivo estrangeiro do setor automotivo já havia alertado que os mercados internacionais são sensíveis a uma possível corrida pelo menor preço. 

Em uma declaração conjunta em 26 de setembro, 4 agências governamentais –incluindo o Ministério do Comércio e o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação– anunciaram que a China lançará um sistema de licenciamento de exportação para carros de passeio totalmente elétricos a partir de 1º de janeiro de 2026. Para se qualificar, as montadoras devem aparecer em uma lista aprovada pelo ministério, ter certificações nacionais de produtos válidas e demonstrar capacidades de atendimento pós-venda em seus mercados-alvo.

Empresas que não tiverem redes de atendimento no exterior serão impedidas de exportar por conta própria ou de autorizar exportações.

Sun Xiaohong, secretária-geral de um comitê da Câmara de Comércio da China para Importação e Exportação de Produtos de Máquinas e Eletrônicos, disse que carros de passageiros elétricos representaram 28,1% das exportações automotivas da China nos primeiros 8 meses de 2025. A ausência de licenciamento, segundo ela, cria uma lacuna regulatória que coloca em risco tanto o desenvolvimento da indústria quanto os direitos dos consumidores no exterior. 

“A longo prazo, as exportações de veículos enfrentarão barreiras comerciais crescentes, e os níveis atuais de crescimento provavelmente não se sustentarão”, afirmou um analista do setor automotivo. Ele estima que as montadoras chinesas aumentarão a produção no exterior nos próximos anos para contornar esses obstáculos. 

A BYD já está construindo fábricas na Hungria, Turquia, Uzbequistão, Brasil, Tailândia, Camboja e Malásia. As unidades na Tailândia, Uzbequistão e Brasil já começaram a operar. 

À medida que mais fábricas no exterior entram em operação, disse o analista, o volume de exportações de veículos da China continental pode diminuir. “Para resolver a capacidade ociosa interna, o fundamental é estimular a demanda doméstica e facilitar a consolidação ordenada da indústria”, disse.


Esta reportagem foi originalmente publicada em inglês pela Caixin Global em 16 de outubro de 2025. Foi traduzida e republicada pelo Poder360 sob acordo mútuo de compartilhamento de conteúdo.



Autor Poder360 ·


Agricultores brasileiros querem reverter restrições ao desmatamento para vender mais soja ao mercado chinês, segundo “NYT”

A demanda da China por soja, milhões de toneladas por ano, principalmente para óleo de cozinha e ração animal, tem cobrado um preço alto das florestas e pastagens do Brasil, diz reportagem publicada pelo jornal The New York Times nesta 4ª feira (15.out.2025). De acordo com o jornal, a situação deve piorar nos próximos meses, já que a China praticamente parou de comprar soja dos Estados Unidos, incentivando os agricultores brasileiros a expandir para novas áreas de cultivo de soja.

O impasse começou quando o presidente dos EUA, Donald Trump (Partido Republicano), impôs tarifas sobre produtos chineses, afirmando que as práticas econômicas do país asiático ameaçavam a economia norte-americana. Em resposta, Pequim estabeleceu, no início de 2025, suas próprias tarifas sobre produtos dos EUA, incluindo a soja.

As taxas impostas pela China sobre a soja norte-americana atingiram 34%. O percentual torna o produto mais caro que o brasileiro, principal concorrente no mercado chinês. Até então, os EUA eram o 2º maior fornecedor da China. Segundo o New York Times, os agricultores norte-americanos não venderam um único bushel –unidade de medida de volume para grãos (1 bushel de soja = 27,2 kg)– para a China da colheita deste outono no hemisfério norte. As esperanças de um pacote de ajuda da Casa Branca foram adiadas pela paralisação do governo desde 1º de outubro.

De acordo com o NYT, agricultores brasileiros estão fazendo lobby para desmantelar uma das medidas mais importantes do setor, conhecida como “Moratória da Soja” –projetada para limitar o desmatamento no bioma mais famoso do Brasil, a Amazônia–, a fim de aumentar as vendas ao mercado chinês.

“O governo está enfrentando uma situação muito difícil. Há um ataque a um dos mecanismos mais importantes para o desmatamento zero”, disse Cristiane Mazzetti, ativista florestal do Greenpeace Brasil, ao jornal norte-americano.

A soja é a maior exportação agrícola do Brasil. No entanto, a produção de soja acelerou nos últimos 10 anos, quando a China passou a buscar soja fora dos EUA. Em 2017, no início do 1º mandato de Trump, o Brasil havia ultrapassado os EUA como o maior produtor mundial de soja.

“Tivemos um forte crescimento nos últimos anos, começando com a 1ª guerra comercial entre EUA e China. E agora, com a 2ª. No longo prazo, se essa situação persistir, as oportunidades para o Brasil aumentarão”, disse Lucas Luis Costa Beber, vice-presidente da Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja), ao jornal.

Hoje, as plantações de soja cobrem 40 milhões de hectares, cerca de 14% das terras agrícolas do Brasil, de acordo com o MapBiomas. A maior parte dessa área está no Cerrado, uma região vital para a regulação dos padrões de chuva e das temperaturas. O desmatamento diminuiu no último ano, à medida que o governo Lula reforçou a fiscalização. Mas quase metade da vegetação nativa do Cerrado desapareceu, dando lugar à pastagem de gado e às plantações de soja.

Em agosto deste ano, a Superintendência-Geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) suspendeu a “Moratória da Soja” e instaurou processo administrativo contra empresas e associações signatárias do acordo. Segundo o Cade, o acordo é considerado anticompetitivo e prejudicial às exportações do grão.

Segundo Lucas Beber, a moratória é uma “barreira comercial disfarçada de proteção ambiental”. Ele disse ao NYT que a moratória favorece outros países ao regulamentar qual soja brasileira pode ser comercializada no mercado mundial. Beber também afirmou que os agricultores brasileiros poderiam expandir significativamente a produção de soja em áreas do Cerrado que atualmente são pastagens. “Todas essas regiões têm pastagens degradadas com potencial para serem convertidas em terras agrícolas. (…) Depende apenas da viabilidade econômica e de mercado, disse.

A soja também é o principal produto de exportação agrícola dos EUA. A Associação Americana de Soja afirmou ao jornal que os agricultores norte-americanos correm o risco de perder seu principal cliente, a China, que gerou mais de US$ 12,6 bilhões em 2024, se a disputa tarifária continuar.

No final de outubro, Trump deve se reunir na Coreia do Sul com o presidente da China, Xi Jinping (Partido Comunista da China, esquerda), às margens do fórum da Apec. A reunião bilateral foi colocada em xeque pelo norte-americano depois que Pequim anunciou controles de exportação sobre terras raras, mas o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse na 2ª feira (13.out) que o encontro segue de pé.

O encontro entre os líderes das duas maiores economias globais pode evitar a nova escalada da guerra comercial. É esperado que a conversa seja dias antes da entrada em vigor das restrições chinesas e da tarifa norte-americana de 100% contra os chineses. Ambas passar a valer em 1º de novembro.


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O investimento direto no exterior (IDE) da China atingiu US$ 192,2 bilhões em termos líquidos em 2024, uma alta anual de 8,4%, de acordo com um boletim estatístico divulgado na 2ª feira (8.set.2025) em Xiamen, Província de Fujian, leste da China.

O relatório indicou que as empresas chinesas mantiveram uma presença de investimento líder global, com o investimento direto no exterior realizado pela China representando 11,9% do total mundial em 2024, marcando um aumento de 0,5 ponto percentual em termos anuais.

Isso marca o 13º ano consecutivo em que a China se classifica entre os 3 primeiros globalmente e o 9º ano consecutivo com uma participação superior a 10% em termos de investimento direto no exterior, de acordo com os dados divulgados de forma conjunta pelo Ministério do Comércio, pelo Departamento Nacional de Estatísticas e pela Administração Estatal de Divisas na 25ª Feira Internacional de Investimento e Comércio da China, que começou na 2ª feira.

Até o fim de 2024, investidores chineses tinham estabelecido cerca de 52.000 empresas no exterior em 190 países e regiões, com 70% delas relatando lucratividade ou desempenho equilibrado.

Os investimentos da China em Ásia, América Latina, Europa e Oceania continuaram a crescer no ano passado, enquanto os investimentos diretos nos países participantes da Iniciativa Cinturão e Rota aumentaram mais de 20%.

Em 2024, o investimento direto no exterior realizado pela China abrangeu 18 setores industriais. Entre eles, 5 setores, (atacado e varejo, serviços de leasing e empresariais, manufatura, finanças e mineração) registraram investimentos superiores a US$ 10 bilhões para cada, representando coletivamente mais de 80% do total.

O investimento chinês no exterior também proporcionou benefícios mútuos significativos e contribuiu mais para a economia global, de acordo com o boletim. No ano passado, o investimento chinês no exterior resultou em US$ 211 bilhões em exportação de bens. As empresas no exterior produziram US$ 3,6 trilhões em receita de vendas e pagaram US$ 82,1 bilhões em impostos aos seus países e regiões anfitriões.


Com informações da Xinhua.



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Gecex também incluiu fibras de poliéster de 4 países, limitou importações de resíduos e reduziu tarifas de insumos

O Gecex-Camex (Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior) aprovou nesta 4ª feira (27.ago.2025) a aplicação de direito antidumping definitivo sobre as importações de folhas metálicas de aço carbono da China e de fibras de poliéster provenientes do mesmo país, além de Índia, Tailândia e Vietnã.

No âmbito do comércio internacional, a prática do “dumping” refere-se à venda de produtos em um país importador a preços muito inferiores aos praticados no mercado de origem, muitas vezes até abaixo do custo de produção ou do valor corrente no mercado doméstico.

Essa estratégia, que pode contar com subsídios estatais ou com a disposição da empresa em suportar prejuízos temporários, visa a eliminar concorrentes locais e conquistar participação de mercado. Posteriormente, o exportador pode elevar os preços para assegurar lucros e consolidar o controle no mercado estrangeiro.

O comunicado divulgado pelo Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) informa que também foi aprovada a aplicação de direito antidumping provisório, por até 6 meses, sobre as importações de resinas de polietileno dos Estados Unidos e do Canadá.

Todos os casos promovem a proteção da indústria nacional contra o comércio desleal“, diz a nota.

Também foi definida a imposição de limites à importação de itens de papel e vidro, a partir de valores propostos pelo Fórum Nacional de Economia Circular e pelo Comitê Interministerial para Inclusão Socioeconômica de Catadoras e Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis.

Na mesma reunião, o órgão aprovou reduções tarifárias para 7 produtos, entre eles insumos da indústria de saúde. As alíquotas do imposto de importação, nesses casos, foram reduzidas a 0.

Foram igualmente zeradas as alíquotas de importação para diversos bens de capital e produtos de telecomunicações e informática, na modalidade de Ex-tarifário, medida que busca estimular investimentos no país e a modernização do parque fabril.

Entre as demais deliberações desta 4ª feira está a alteração da Resolução Gecex nº 633/2024, medida vinculada ao Plano Brasil Soberano, lançado na semana passada para proteger empresas e trabalhadores afetados pelas tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos em 30 de julho.



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Em 1º encontro com o norte-americano, Wang Yi diz que a relação entre os países vive um momento crítico e que espera colaboração

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, se encontrou na 3ª feira (3.jun.2025) com o embaixador dos Estados Unidos na China, David Perdue. A reunião se deu em Pequim e foi o 1º encontro entre os diplomatas desde que o norte-americano chegou à capital chinesa em 15 de maio.

Na reunião, Wang Yi disse que espera ter a colaboração de Perdue para melhorar as relações diplomáticas entre os 2 países, que na visão do chanceler chinês, vivem “um momento importante e crítico”. 

“A lição mais importante é que a igualdade e o respeito mútuo são os pré-requisitos para a interação entre as duas partes, e o diálogo e a cooperação são as únicas escolhas corretas”, disse Wang Yi.

O encontro entre os diplomatas se deu em um momento em que a tensão entre os países por causa das tarifas comerciais voltou a subir. Desde 6ª feira (30.mai), a Casa Branca e o governo chinês trocam acusações sobre descumprimentos no acordo de Genebra. O pacto firmado em 12 de maio estabeleceu a redução de tarifas impostas durante a guerra comercial.

O ministro chinês declarou que, desde as negociações em Genebra, o país implementou as medidas acordadas, mas que os EUA tomaram uma série de ações “injustificadas” que prejudicaram interesses e direitos da China.

Por sua vez, Perdue afirmou que os países devem manter as relações em um nível respeitoso e com um canal aberto entre suas lideranças. Disse que está disposto a manter uma comunicação próxima com o governo chinês.


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Embaixador chinês no Brasil, Zhu Qingqiao diz que os países latino-americanos não são “quintal de ninguém” ao defender cooperação

A China tem reforçado seu investimento nas relações com a América Latina e com o Caribe como estratégia para ampliar sua influência global e se contrapor à hegemonia dos Estados Unidos na região. A aproximação foi reafirmada durante a 4ª reunião do fórum do país asiático com a Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), realizada em 13 de maio de 2025, em Pequim, com a presença dos presidentes Xi Jinping (China), Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Gustavo Petro (Colômbia), Gabriel Boric (Chile) e outros representantes regionais.

O evento marcou os 10 anos do fórum criado em 2014, durante visita de Xi ao Brasil, e resultou na aprovação da Declaração de Beijing e de um Plano de Ação Conjunto. O pacote inclui medidas nas áreas de infraestrutura, comércio, educação, cultura e conectividade digital.

O governo chinês também anunciou a concessão de 3.500 bolsas de estudo e 10.000 vagas de treinamento aos Estados que integram a Celac e o início, em fase experimental, da isenção de vistos para cidadãos de 5 países da região, entre eles o Brasil.

Um ponto importante foi a presença de representantes do Haiti e de Santa Lúcia na reunião em Pequim. Embora mantenham relações diplomáticas com Taiwan, e não com a China, ambos foram bem recebidos no encontro. Outros 5 países da América Latina que também reconhecem Taiwan —como o Paraguai — não enviaram representantes.

REAÇÃO AOS EUA

A intensificação das relações entre China e América Latina pode ser interpretada como uma resposta aos Estados Unidos. Desde o início do 2º mandato de Donald Trump (Partido Republicano), os 2 países travam uma guerra comercial, com tarifas superiores a 100%.

Como já mostrou o Poder360, os chineses têm ampliado sua influência na América Latina e, em muitos casos, deslocado os EUA como principal parceiro comercial da região. No Brasil, por exemplo, o comércio com os norte-americanos cresceu 215,3% de 2000 a 2024, passando de US$ 29,2 bilhões para US$ 92 bilhões. No mesmo período, as trocas com a China saltaram de US$ 2,8 bilhões para US$ 188,4 bilhões —um aumento de 6.522%.

Em 1981, a China ocupava a 38ª posição entre os maiores parceiros comerciais do Brasil. Em 2009, alcançou o 1º lugar, posição que mantém até hoje.

INVESTIDA CHINESA NA REGIÃO

Na avaliação do governo de Xi Jinping, a América Latina representa uma aliada estratégica diante de um cenário global marcado por disputas entre blocos e avanço do protecionismo.

Em artigo publicado neste Poder360, o embaixador chinês no Brasil, Zhu Qingqiao, afirma que a relação busca fortalecer a autonomia dos países latino-americanos diante de potências externas.

Ele defende que a região “não é o quintal de ninguém” –em referência a uma fala do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, em 13 de abril de 2025. Trump também já afirmou que a região “talvez” tenha que escolher entre os EUA e a China.

A cooperação entre as partes tem avançado sobretudo por meio da Iniciativa Cinturão e Rota, proposta por Xi em 2013. A chamada Nova Rota da Seda é um dos maiores programas econômicos do gigante asiático. Inclui projetos de infraestrutura e logística que interligam o país por terra e água à Ásia Central, ao sul e ao sudeste do continente, à Europa, à África e a outros lugares do mundo.

Atualmente, 149 países já integram a iniciativa. O Brasil não faz parte da Nova Rota da Seda.

Durante a reunião ministerial, o presidente Xi também anunciou 5 novos eixos de ação entre China e América Latina: solidariedade, desenvolvimento, civilização, paz e intercâmbio entre povos. A intenção, segundo Pequim, é construir uma “comunidade de futuro compartilhado”.

Além das parcerias comerciais, a China tem buscado estreitar laços políticos com os países latino-americanos. Em 2024, por exemplo, Brasil e China firmaram o “Consenso de 6 Pontos” sobre a guerra na Ucrânia e criaram o “Grupo de Amigos da Paz” na ONU (Organização das Nações Unidas), com uma declaração conjunta em favor do diálogo e da solução pacífica do conflito.



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