15 de outubro de 2025
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Agricultores brasileiros querem reverter restrições ao desmatamento para vender mais soja ao mercado chinês, segundo “NYT”

A demanda da China por soja, milhões de toneladas por ano, principalmente para óleo de cozinha e ração animal, tem cobrado um preço alto das florestas e pastagens do Brasil, diz reportagem publicada pelo jornal The New York Times nesta 4ª feira (15.out.2025). De acordo com o jornal, a situação deve piorar nos próximos meses, já que a China praticamente parou de comprar soja dos Estados Unidos, incentivando os agricultores brasileiros a expandir para novas áreas de cultivo de soja.

O impasse começou quando o presidente dos EUA, Donald Trump (Partido Republicano), impôs tarifas sobre produtos chineses, afirmando que as práticas econômicas do país asiático ameaçavam a economia norte-americana. Em resposta, Pequim estabeleceu, no início de 2025, suas próprias tarifas sobre produtos dos EUA, incluindo a soja.

As taxas impostas pela China sobre a soja norte-americana atingiram 34%. O percentual torna o produto mais caro que o brasileiro, principal concorrente no mercado chinês. Até então, os EUA eram o 2º maior fornecedor da China. Segundo o New York Times, os agricultores norte-americanos não venderam um único bushel –unidade de medida de volume para grãos (1 bushel de soja = 27,2 kg)– para a China da colheita deste outono no hemisfério norte. As esperanças de um pacote de ajuda da Casa Branca foram adiadas pela paralisação do governo desde 1º de outubro.

De acordo com o NYT, agricultores brasileiros estão fazendo lobby para desmantelar uma das medidas mais importantes do setor, conhecida como “Moratória da Soja” –projetada para limitar o desmatamento no bioma mais famoso do Brasil, a Amazônia–, a fim de aumentar as vendas ao mercado chinês.

“O governo está enfrentando uma situação muito difícil. Há um ataque a um dos mecanismos mais importantes para o desmatamento zero”, disse Cristiane Mazzetti, ativista florestal do Greenpeace Brasil, ao jornal norte-americano.

A soja é a maior exportação agrícola do Brasil. No entanto, a produção de soja acelerou nos últimos 10 anos, quando a China passou a buscar soja fora dos EUA. Em 2017, no início do 1º mandato de Trump, o Brasil havia ultrapassado os EUA como o maior produtor mundial de soja.

“Tivemos um forte crescimento nos últimos anos, começando com a 1ª guerra comercial entre EUA e China. E agora, com a 2ª. No longo prazo, se essa situação persistir, as oportunidades para o Brasil aumentarão”, disse Lucas Luis Costa Beber, vice-presidente da Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja), ao jornal.

Hoje, as plantações de soja cobrem 40 milhões de hectares, cerca de 14% das terras agrícolas do Brasil, de acordo com o MapBiomas. A maior parte dessa área está no Cerrado, uma região vital para a regulação dos padrões de chuva e das temperaturas. O desmatamento diminuiu no último ano, à medida que o governo Lula reforçou a fiscalização. Mas quase metade da vegetação nativa do Cerrado desapareceu, dando lugar à pastagem de gado e às plantações de soja.

Em agosto deste ano, a Superintendência-Geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) suspendeu a “Moratória da Soja” e instaurou processo administrativo contra empresas e associações signatárias do acordo. Segundo o Cade, o acordo é considerado anticompetitivo e prejudicial às exportações do grão.

Segundo Lucas Beber, a moratória é uma “barreira comercial disfarçada de proteção ambiental”. Ele disse ao NYT que a moratória favorece outros países ao regulamentar qual soja brasileira pode ser comercializada no mercado mundial. Beber também afirmou que os agricultores brasileiros poderiam expandir significativamente a produção de soja em áreas do Cerrado que atualmente são pastagens. “Todas essas regiões têm pastagens degradadas com potencial para serem convertidas em terras agrícolas. (…) Depende apenas da viabilidade econômica e de mercado, disse.

A soja também é o principal produto de exportação agrícola dos EUA. A Associação Americana de Soja afirmou ao jornal que os agricultores norte-americanos correm o risco de perder seu principal cliente, a China, que gerou mais de US$ 12,6 bilhões em 2024, se a disputa tarifária continuar.

No final de outubro, Trump deve se reunir na Coreia do Sul com o presidente da China, Xi Jinping (Partido Comunista da China, esquerda), às margens do fórum da Apec. A reunião bilateral foi colocada em xeque pelo norte-americano depois que Pequim anunciou controles de exportação sobre terras raras, mas o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse na 2ª feira (13.out) que o encontro segue de pé.

O encontro entre os líderes das duas maiores economias globais pode evitar a nova escalada da guerra comercial. É esperado que a conversa seja dias antes da entrada em vigor das restrições chinesas e da tarifa norte-americana de 100% contra os chineses. Ambas passar a valer em 1º de novembro.


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Autor Poder360 ·